Embora
muitos gestores utilizem só informações de lucro e prejuízo para conhecer a
saúde da empresa, tais dados não são suficientes para entender o
desenvolvimento financeiro do negócio e tampouco estabelecer projeções futuras
de crescimento.
É por isso
que vários métodos e técnicas passaram a fazer parte do processo de gestão
financeira e orçamentária das empresas, como forma de avaliar a produtividade e
a eficiência dos processos e conhecer o real potencial de lucratividade
do negócio.
E um
importante indicador que vem se destacando é o chamado cálculo do EBITDA. Ou, em uma tradução direta, LAJIDA. Afinal, o que é EBITDA? Como é feito seu
cálculo? Qual sua importância no processo de decisão? Vejamos com mais detalhes
cada uma dessas informações e como sua empresa pode se beneficiar desse
indicador. Acompanhe!
O que é EBITDA?
EBITDA é uma
sigla para o termo em inglês "Earning Before Interest, Taxes,
Depreciation and Amortization" ou, em tradução direta, Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (LAJIDA).
Em uma visão
geral, empresas utilizam as informações resultantes do cálculo do EBITDA para
conhecer o desempenho dos negócios em termos de fluxo de caixa. Ou seja, é um
importante instrumento gerencial que possibilita analisar o desempenho
financeiro e não financeiro da empresa.
Até 2012, o
cálculo do EBITDA era realizado sem quaisquer padronização e uniformização, o
que dificultava a análise e comparação dos dados pelo mercado, uma
vez que cada empresa podia utilizar um método distinto. Assim, instituições
financeiras e investidores encontravam adversidades para avaliar determinada
empresa e verificar se o negócio era ou não rentável.
No entanto,
a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou a Instrução CVM nº 527/2012,
estabelecendo uma série de parâmetros para a uniformização das informações
utilizadas no cálculo do EBITDA.
Com a
padronização desses dados, gestores, investidores, instituições financeiras e
demais interessados passaram a conhecer com maior confiabilidade a performance
financeira da empresa, além de poderem comparar os EBITDAs de concorrentes do
mesmo setor.
Como realizar o
cálculo?
O primeiro
passo para calcular o EBITDA começa em saber qual é o lucro operacional da
empresa. O lucro operacional nada mais é que aquele lucro gerado pela receita
operacional líquida descontando os custos, as despesas administrativas,
comerciais e operacionais. Ou seja, exclui-se qualquer movimentação financeira.
Para que
você entenda a estruturação do cálculo daqui por diante, vejamos a fórmula para
se chegar ao EBITDA.
EBITDA = Lucro
Operacional Antes do Imposto de Renda e Receitas/Despesa Financeira +
Depreciação + Amortização
Assim, a
primeira informação que devemos ter é o valor do lucro operacional. Para isso,
é preciso subtrair, a partir da receita líquida, o custo das mercadorias
vendidas (CMV) e as despesas operacionais.
Para o
cálculo do EBITDA é necessário somar ao lucro operacional a amortização e a
depreciação, inclusas nos custos e despesas operacionais.
Como assim?
A
depreciação quantifica a perda produtiva de um determinado equipamento, seja
pela ação do tempo ou desgaste, e isso é valor referente à própria produção e
ao desempenho operacional. Assim, a depreciação representa a perda desse valor
para a empresa, ou seja, não há um desembolso financeiro efetivo no período.
Vejamos um
exemplo prático! Vamos supor uma empresa XYZ com os seguintes dados:
Despesas com
vendas: R$ 4.200,00
Despesas gerais: R$ 2.100,00
Despesas administrativas: R$ 800,00
Despesas com depreciação: R$ 410,00
Despesas com amortização: R$ 620,00
O primeiro
passo é somar as despesas operacionais, cuja fórmula é:
Despesas
operacionais = Despesas com vendas + despesas gerais + despesas administrativas
+ despesas com depreciação + despesas com amortização
Aplicando:
Despesas operacionais = R$ 4.200,00 + R$ 2.100,00 + R$ 800,00 + R$ 410,00 + R$
620,00 = R$ 8.130,00
A próxima
etapa é calcular o lucro operacional líquido, que tem como fórmula:
Lucro operacional
líquido = receita operacional líquida - (custos dos produtos vendidos +
despesas operacionais)
Considerando
a receita líquida como R$ 23.000,00, o CMV de R$ 1.800,00 e as despesas
operacionais, calculadas anteriormente, de R$ 8.130,00, vejamos como chegar ao
lucro operacional líquido:
Lucro
operacional líquido = R$ 23.000,00 - (R$ 1.800,00 + R$ 8.130,00) = R$ 13.070,00
Enfim
chegamos ao cálculo do EBITDA. Levando em conta os resultados do lucro líquido
(R$ 13.070,00) + depreciação (R$ 410,00) + amortização (R$ 620,00), o resultado
da empresa XYZ será de R$ 14.100,00.
Qual a diferença
entre EBITDA e EBIT?
Apesar de
serem dois termos bastante empregados no dia a dia de muitas companhias, ambas
as terminações apresentam suas particularidades e especificações.
O EBIT,
sigla em inglês para "Earnings Before Interest and Taxes",
que em português significa "Lucros Antes dos Juros e Tributos", ou melhor,
LAJIR, é um indicador que demonstra o lucro operacional da empresa, excluindo o
resultado financeiro, juros sobre o capital próprio e dividendos, entre outros
resultados não operacionais.
É por meio
do EBIT que é possível conhecer o verdadeiro lucro contábil da companhia a partir das atividades que
efetivamente fazem parte do negócio, ou seja, o quanto a empresa obteve de
lucro considerando apenas as atividades-fim. Já no caso do EBITDA, que também é
um importante informativo, a premissa básica é o levantamento dos resultados
que refletem diretamente no caixa da empresa.
A grande
diferença do EBITDA para o EBIT é que o primeiro considera no seu cálculo os
efeitos das depreciações e amortizações, já o segundo não leva em consideração
tais fatores.
Vale
destacar que tanto o EBIT quanto o EBITDA são excelentes indicadores, que, quando
bem aplicados sobre os resultados da empresa, oferecem informações valiosas
para o processo de tomada de decisão.
Dessa forma,
não existe um indicador melhor, mas sim o mais adequado para cada situação e
para cada informação a ser analisada.
Para isso, é
fundamental que o gestor conheça muito bem seu negócio e faça um bom
planejamento e acompanhamento dos resultados, de forma a aplicar o indicador de
maior eficiência e que gere os dados que efetivamente serão utilizados em cada
momento.
Vale um adendo:
o EBITDA é um valor aproximado do potencial de caixa do negócio. Contudo, ele
não corresponde ao efetivo fluxo de caixa gerado pelas operações da empresa
ocorrido no período, uma vez que determinados valores podem não ser recebidos,
bem como certas despesas nunca serem pagas.
A análise
isolada do EBITDA pode acarretar resultados discrepantes pelo fato de não ser
um valor que gera dados precisos e por ser utilizada de forma equivocada como
um número "mágico" nos relatórios financeiros.
É
fundamental que o EBITDA seja utilizado em conjunto com outros indicadores, de
forma que haja uma consolidação das informações e não traga consigo o risco de
uma interpretação errônea da real situação financeira da organização.
Tanto o EBIT
quanto o EBITDA são dados utilizados pelas mais diversas pessoas jurídicas,
visando a melhoria do nível de compreensão e tornando comparáveis as
informações entre empresas.
Qual a importância
do EBITDA no processo de decisão?
O EBITDA é
um valioso indicador que possibilita mensurar de forma efetiva os resultados da
empresa, uma vez que desconsidera em seu cálculo efeitos financeiros e
eventuais decisões contábeis do negócio.
Por meio do
EBITDA é possível saber a origem dos recursos e seus possíveis ganhos ou de
onde está resultando prejuízo. Investidores, acionistas e instituições
financeiras avaliam a variação do EBITDA de forma a saber se realmente a
empresa tem potencial de crescimento e de quais devem "passar longe".
Variações no
EBITDA indicam a situação da empresa. Se o indicador aumenta, significa que a
empresa está conseguindo ser eficiente e produtiva. Se o EBITDA diminui, há
algo de errado com o crescimento do negócio.
Mas tome
cuidado: quando utilizado de forma isolada, o EBITDA pode dar uma falsa
impressão de que a empresa tem liquidez, quando, na verdade, não é bem isso. Ou
seja, mesmo que uma empresa tenha bons resultados, certas despesas podem
influenciar significativamente a liquidez da organização.
Por isso, ao
utilizar o EBITDA, é fundamental associá-lo a outros instrumentos de análise,
de forma a resultar em informações mais precisas sobre a viabilidade de se
investir em determinados negócios.
Fonte: Jornal Contábil