Na nossa sociedade atual as pessoas são
frequentemente reconhecidas pelo que têm. A aceitação social acaba dependendo
do poder aquisitivo o que faz com que muitos, para que sejam aceitos, ostentem
uma condição de consumo superior àquela que efetivamente possuem.
Grande parte da frota nacional de veículos é
financiada. Existem consumidores que não ganham sequer o suficiente para pagar
a mensalidade do financiamento do carro, o que leva inevitavelmente à busca e
apreensão do bem pelas financeiras, com todos os constrangimentos que ela
acarreta.
Existem aqueles que descontam as amarguras do
dia a dia nas compras. O estresse e a infelicidade são atenuados pelo consumo.
No entanto, para a grande maioria o dinheiro acaba logo e os prazeres das
compras são substituídos pelas dívidas, complicando ainda mais a situação do
consumidor que, quanto mais deve, mais infeliz fica.
O mercado de consumo também fomenta as
compras. As ofertas e as condições de vendas são tentadoras e o crédito é
farto. Temos visto publicidades de financeiras que se propõem a realizar
empréstimos a consumidores mesmo que seus nomes estejam negativados e mesmo que
eles tenham dívidas de empréstimos anteriores.
Como se percebe, o consumidor que não fica
atento se endivida e com essa oferta indiscriminada de crédito é fácil contrair
o que se chama atualmente de "superdívidas".
Não existe milagre. Quem empresta dinheiro
obviamente busca ter o retorno financeiro dessa operação e também se cerca dos
cuidados para que essa sua atividade seja lucrativa. Existe relação direta
entre o risco de inadimplência e o montante dos juros cobrados.
Quanto maior o risco da financeira não
receber maiores serão os juros. Por essa razão, os juros praticados pelas
administradoras de cartões de crédito e pelos bancos no cheque especial são
impagáveis.
Pedir dinheiro emprestado nunca é bom. O
melhor é sempre manter uma reserva para o caso de necessidade e economizar o
dinheiro com antecedência para poder comprar a vista.
Não obstante isso, a imensa quantidade de
ofertas enganosas no mercado leva o consumidor a acreditar que a oferta de
empréstimo é imperdível e que a partir desse dinheiro ele poderá satisfazer
suas necessidades supérfluas sem maiores complicações. O empréstimo só é bom
para as financeiras.
Em casos extremos e para satisfazer
necessidades emergenciais, podem ser utilizados os empréstimos consignados que,
por acarretarem o desconto diretamente na folha de pagamento ou na
aposentadoria, contam com taxas de juros menores. Mesmo esses empréstimos,
contudo, devem ser contraídos excepcionalmente.
É difícil mas o consumidor não deve ceder às
pressões sociais e do mercado. Somente assim conseguirá se livrar do
superendividamento, que hoje compromete o sono e a sadia qualidade de vida de
muitos.
Por
Arthur Rollo.