O sucesso dessa prática está na gestão
compartilhada entre empresário, RH, gestores e colaboradores
Vivemos o
início de uma nova era, onde a complexidade, a ambiguidade e a subjetividade
são atores presentes nas organizações, proporcionando um ambiente de
aprendizado e estratégias aplicáveis a cada negócio. A revolução móvel está em
andamento e já provoca mudanças na forma como vivemos e trabalhamos. É um
futuro repleto de descobertas e de grandes transformações, que impacta empresas
de todos os portes e setores.
O termo
"modernidade líquida" é cada vez mais atual, já que remete a um momento de
grande instabilidade e volatilidade, com rápido avanço das tecnologias digitais
e de novas formas de comunicação. Tudo isso tem alterado significativamente os
modelos de negócios e as formas de trabalho: o foco é "no que você faz" e não
mais "onde você faz".
O objetivo
de tudo isso para as empresas é reduzir ou eliminar custos desnecessários,
gerar mais produtividade, se relacionar melhor com seus clientes, construindo
alternativas de geração de valor para todas as partes que compõem o ecossistema
de negócios.
Nesse contexto, uma das estratégias adotadas pelas empresas para gerar mais
resultados é o modelo de trabalho Home Office (home = lar;
office = escritório). Esse formato tem crescido muito nos últimos anos e é uma
prática ou modelo empresarial onde o trabalho é desenvolvido em um espaço
alternativo ao escritório da empresa, de forma integral ou periódica.
No Brasil, a
prática ainda é recente, mas apresenta tendência de crescimento. Segundo dados
da última edição da Pesquisa Home Office Brasil, 20% das empresas
pesquisadas adotaram o modelo de trabalho há menos de um ano, 60% entre um e
cinco anos e 20% o utilizam há mais de cinco anos. Alguns dados interessantes:
·
37% das empresas pesquisadas possuem a prática
de home office;
·
85% dessas empresas apontam como principal ganho da
prática o aumento da satisfação e do engajamento dos colaboradores;
·
66% das empresas consideram a modalidade de home
office como ferramenta para enfrentar épocas de crise econômica;
·
23% das empresas praticantes promoveram redução de
espaço físico nos últimos dois anos;
·
80% das empresas praticantes implantaram a
modalidade de home office nos últimos 5 anos;
·
89% das empresas utilizam a prática como estratégia
para atração de colaboradores.
Há também
outros aspectos relevantes que impactam na estratégia das empresas a partir da
adoção da modalidade, como otimização de processos internos, retenção de
colaboradores, sincronismo de atividades e disponibilidade de acesso entre
equipes de diferentes localidades, e viabilização e/ou manutenção de planos e
estratégias de negócio.
Para as
empresas pesquisadas, as frases que melhor definem o modelo de home
office são:
·
71% - gerenciamento baseado em resultados, em vez
de presença física;
·
66% - é necessário o uso adequado da tecnologia;
·
62% - mudança de cultura para permitir maior
agilidade organizacional e inovação.
Essa nova
realidade oportuniza vantagens empresariais como economia de tempo e horários
mais flexíveis, porém, sempre considerando a Legislação Trabalhista (consulte
seu contador a respeito). A implantação do modelo funciona muito bem em
determinadas áreas tais quais criação, TI, vendas, marketing, atendimento ao
cliente e gestão de projetos, por exemplo.
A economia
em gastos com estrutura e transporte também podem ser significativas. Tudo isso
gera otimização nas atividades e impacta em custos menores para os produtos e
serviços, e assim aumenta a competitividade. Aspectos que merecem atenção estão
relacionados à dificuldade para realizar a sucessão nas funções caso seja
necessária uma transição e a interferência de assuntos domésticos nos assuntos
profissionais.
Em termos pessoais
e profissionais também há vantagens e desvantagens. Entre os aspectos positivos
estão um melhor equilíbrio entre vida pessoal e trabalho a partir da
flexibilidade para realizar as atividades, com maior independência e liberdade
profissional, oportunizando a escolha e definição do próprio horário de
trabalho, desde que em consenso com a empresa.
A redução do tempo com deslocamento e o estresse decorrente do trânsito se
tornam menores, assim como a possibilidade de reduzir os custos com transporte,
refeições e infraestrutura básica.
Entre as
desvantagens estão interrupções indesejadas por estar em um ambiente doméstico,
a perda de privacidade pessoal, a indefinição de horários de trabalho e lazer
(se não houver planejamento e disciplina) e a possibilidade de excesso de carga
de trabalho.
Ainda com
base na Pesquisa Home Office Brasil, algumas barreiras impactam a
adoção do modelo de home office:
·
Conservadorismo da direção;
·
Aspectos de segurança da informação;
·
Aspectos legais;
·
Gestão das atividades em ambiente externo;
·
Aspectos tecnológicos e de infraestrutura.
Para
implementar a prática, é importante a participação ativa e apoio do RH, com a
criação de um modelo para que esse formato de trabalho seja eficiente e eficaz.
Algumas dicas para um modelo de sucesso:
·
Sensibilize a equipe para o novo formato;
·
Faça um piloto para testar o modelo;
·
Selecione as pessoas certas, pois nem todas possuem
o perfil adequado para esse tipo de trabalho;
·
Tenha escopo das funções para adotar o modelo
de home office e clareza do trabalho e entregas que devem ser
realizados;
·
Oriente os colaboradores para a necessidade de ter
disciplina e foco e ter atitudes necessárias para não perder o foco;
·
Treine os colaboradores para o novo formato: como
se organizar, como evitar interrupções, sigilo, confidencialidade das
informações, por exemplo;
·
Adote um modelo de gestão diferenciada e tenha
ferramentas para gerir o modelo: relatórios, automatização via login de
usuário, política de remuneração para o modelo;
·
Utilize ferramentas de compartilhamento: WhatsApp,
Share Point, Slack, Hangout, entre outros;
·
Avalie a performance: cumprimento de metas,
desempenho, nível de entrega dos trabalhos;
·
Realize reuniões de trabalho presenciais em
momentos específicos;
·
Estimule a gestão por resultados em vez do
gerenciamento de presença.
O sucesso
dessa prática está na gestão compartilhada entre empresário, RH, gestores e
colaboradores, onde os primeiros atribuem responsabilidades, incentivam a
autogestão, inspiram, acompanham e entusiasmam. Por sua vez, o colaborador
pratica um trabalho responsável, cria, inova, executa atividades, entrega e
contribui para a construção de um novo futuro, repleto de desafios e
oportunidades.
Fonte:
SEBRAE/RS/Rosani Coelho