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Mentes Transformadoras - Pedro Englert


Publicada em 17/06/2019 às 16:00h 

Para empreender é preciso conhecimento, capital e rebeldia. Englert é CEO da StartSe e investidor direto em mais de 10 startups de vários segmentos 

Três coisas mudaram de forma muito intensa nos últimos anos: a forma como aprendemos, como investimos e como fazemos gestão. São técnicas cunhadas há 30, 50 anos, em um cenário previsível, pouco dinâmico e no qual o cliente não tinha poder, mas que continuam sendo repetidas hoje, mesmo que o mercado seja o inverso: rápido e incerto. "No passado, ser conservador era virtude, hoje é certeza de que vou morrer rápido", aponta Pedro Englert, CEO da StartSe, empresa de educação para a nova economia. Empreendedor experiente - foi ex-sócio da InfoMoney e XP Investimentos e hoje investe diretamente em mais de 10 startups de vários segmentos - ele é o personagem do episódio desta semana da Série Mentes Transformadoras.

Com a queda das barreiras de empreendedorismo, ficou muito arriscado ficar parado. A concorrência vem de todos os lados e os clientes ganharam poder - e estão mais dispostos a experimentar se for para ter ao seu lado novas empresas que entendem mais a dor deles do que as grandes marcas. "Se as companhias mais tradicionais não conseguirem mudar a sua forma de gestão, estarão fadadas a ficar em um processo conservador de ganhos incrementais e apenas aguardando pois, em alguma hora, alguém vai entender que dá para fazer melhor que o que elas estão fazendo", analisa.

Para isso não acontecer, Englert comenta que é preciso começar a mudar já. Um caminho é quebrar as hierarquias, entender que a experimentação deve ser incentivada e que o erro faz parte do processo - não o erro pelo relaxamento, e sim o da busca pelo novo. Construir os negócios lado a lado com os colaboradores é um bom começo. "Temos que dar liberdade. Ninguém mais quer trabalhar para o patrão.

Eu quero trabalhar para mim e entender como realizo os meus sonhos aqui dentro (da empresa)", comenta. Neste cenário, o modelo de gestão tradicional, que envolve planejamento, comando e controle, não funciona mais. "Ao controlar, você inibe, tira a força e o ímpeto das pessoas. Temos que conseguir trazê-las para perto, alinhá-las com os nossos projetos e empreender juntos", acrescenta. Também é importante abrir ao máximo a pista para as pessoas que estão arriscando, inovando e tentando transformar o mercado. "Nunca foi tão possível empreender. O mundo está muito legal e aberto para a gente correr atrás dos nossos sonhos, dos nossos propósitos e mudar todas as coisas que estão ruins", afirma.

Englert comenta que um ecossistema empreendedor, seja uma pessoa ou uma empresa precisa ter três componentes: capital, conhecimento e rebeldia. Neste sentido, a maturidade é muito importante para o sucesso de uma startup. "Por mais que um jovem de 22 anos seja genial, ele tem ainda pouco conhecimento, vivência e prática", analisa.

A universidade de Harvard fez um estudo que indica que 42 anos é a idade que a pessoa que empreende tem mais chance de dar certo, justamente porque é quando ele consegue reunir aqueles três elementos para o sucesso. "Quando a gente pega uma turma muito jovem e coloca para empreender, eles têm uma desvantagem em relação ao mercado porque têm pouco conhecimento. Por isso a diversidade é tão importante. É preciso entender que experiências diferentes têm de ser somadas para fazer o negócio dar certo", aconselha.

Preocupação com o Brasil

Apesar de ver iniciativas de empresas querendo mudar, de investimentos entrando, novas formas de educação surgindo e de reguladores pensando em flexibilizar mais o mercado, o empreendedor afirma que tem muita preocupação com o posicionamento do Brasil. "Hoje não tem praticamente nada feito aqui e que está sendo usado no mundo", avalia.

Um legítimo cidadão do mundo, já que os negócios da StartSe tem ramificações pelo Brasil, especialmente São Paulo, e também nos Estados Unidos e China, ele observa atentamente os movimentos que estão acontecendo no Rio Grande do Sul, onde nasceu. Para ele, por aqui, uma preocupação adicional é o conservadorismo do gaúcho e, em alguns momentos, a falta de capacidade de convergir. "O gaúcho ainda acha que brigar é bom. Mas nesse mundo, para sobreviver, temos que compor, encontrar pontos comuns, abrir mão da verdade exclusiva e perceber que juntos somos mais fortes", analisa.

Currículo não é mais tão decisivo

Um caminho para transformar a nossa realidade atual é investindo em novos modelos educacionais. A percepção de Englert é a de que hoje estamos formando dezenas de milhares de pessoas para um perfil de trabalho que não existe mais. E o reflexo desta desconexão são as milhares de vagas abertas que não são preenchidas porque falta pessoas com as habilidades necessárias.

"É preciso entender quais são as tecnologias que impactam o seu mercado, quais são os novos modelos de negócios que surgem e qual é a nova forma de aprender, todos os dias, toda a semana um pouquinho. A pergunta do futuro ou do presente é: não é onde você estudou é como você se desenvolve, aponta o CEO da StartSe.

"Isso está acontecendo porque o mercado impera. As companhias não estão mais exigindo currículo porque entendem que ele não vai mais dizer se o a pessoa atende o que elas estão buscando. As empresas de educação vão ter de entender que a dinâmica de aprendizado mudou e que elas precisam se conectar ao máximo possível com a realidade", diz.

Fonte: Jornal do Comércio RS








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