Somente um terço da
capacidade do transporte hidroviário do País é utilizada
Quais os caminhos para o desenvolvimento do transporte hidroviário em um país
onde a matriz de transporte se mostra desigual, e a falta de infraestrutura é
um entrave para o desenvolvimento econômico? Esse é o tema central do 11º
Seminário Internacional de Transporte e Desenvolvimento Hidroviário, realizado
pela Sobena (Sociedade Brasileira de Engenharia Naval), que ocorreu entre 22 e
24 de outubro de 2019, em Brasília.
Dados
da Pesquisa CNT Aspectos Gerais da Navegação Interior no Brasil, divulgada em
outubro, mostram que somente um terço da capacidade do transporte hidroviário
do País é utilizada, ou seja, apenas 19,5 mil km dos 63 mil quilômetros. O
desperdício está associado a barreiras de infraestrutura, de operação,
institucionais e burocráticos, à baixa atenção dada ao segmento nas políticas
públicas, à baixa efetividade de planos e programas e ao reduzido volume de
recursos investidos no setor ao longo dos anos. E mesmo com essa baixa
utilização, nos últimos oito anos o volume de cargas transportadas pelo modal
hidroviário cresceu 34,8% entre 2010 e 2018, passando de 75,3 milhões de
toneladas para cerca de 101,5 milhões de toneladas.
Apenas
na bacia do Amazonas, mais de 8 milhões de pessoas são transportadas por ano,
além do grande fluxo de embarcações que fazem o transporte de granéis, destaca
o presidente da Sobena, Luis de Matos. "Não aproveitamos todo nosso
potencial hidroviário, só temos uma hidrovia em todo o País".
Para
Raimundo Holanda, vice-presidente da CNT do transporte aquaviário e presidente
da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação), falta investimento
e uma política de Estado voltada para a navegação.
"Hoje,
65% do transporte de carga feito no País é feito pelo modal rodoviário e apenas
5% no modal hidroviário. Um comboio com quatro barcaças equivale a 160
carretas. O governo deve olhar para a navegação brasileira."
Em
2016 (última informação disponível), a extensão de vias interiores utilizadas
no Brasil era 7,1% inferior à extensão em uso nos anos de 2010/2011 e 11,7%
menor que a de 2013. Embora as vias navegáveis no país sejam chamadas de
hidrovias, o país não tem, de fato, hidrovias nos moldes que esse tipo de
infraestrutura requer. O sistema Tietê-Paraná é o que mais se aproxima do
ideal.
O
secretário nacional de Portos e Transportes Hidroviários do Ministério da
Infraestrutura, Diego Piloni, ressalta que não faz sentido termos
infraestrutura nos portos se não podemos utilizar nossas vias navegáveis.
"Temos um problema e não podemos mais varrer para debaixo do tapete. Precisamos
potencializar a parceria com o setor privado devido a situação fiscal do
País".
Multimodal gera
economia e reduz emissão de CO2
A
Marfrig Global Foods, uma das companhias líderes globais em carne bovina, por
meio de sua Operação América do Sul, está investindo no transporte por
ferrovia, em parceria com a Brado, referência em inteligência na logística de
contêineres.
A
iniciativa permitiu à companhia contribuir com a diminuição da exposição ao
risco de acidentes nas rodovias brasileiras, diminuição de R$ 2,3 milhões nos
custos e a redução de 62% na emissão de CO2, isso corresponde a menos mil
caminhões rodando nas estradas até o final de 2019.
Na
prática, isso significa que, nesta primeira etapa, os produtos destinados à
exportação com origem nas unidades de Tangará da Serra, Várzea Grande, Pontes e
Lacerda, no estado do Mato Grosso, Mineiros, em Goiás, e Ji Paraná e
Chupinguaia, em Rondônia, são transportados para o porto por meio da ferrovia.
"Nosso
objetivo é ainda este ano ampliar este meio de transporte para atender as
unidades de Bataguassu, em Mato Grosso do Sul, e Promissão, no estado de São
Paulo", diz Luciano Alves, diretor de logística da companhia. A medida vai
ao encontro aos pilares de negócios da Marfrig, que estão baseados no respeito
ao meio ambiente e ao bem-estar animal.
Especialista
em logística multimodal, a Brado consegue entregar um transporte sustentável
para as necessidades de uma companhia como a Marfrig. Na multimodalidade, o
caminhão faz as First and Last Miles, transportes de distâncias curtas
(geralmente até 200 quilômetros) entre a unidade do cliente e o terminal
ferroviário.
Fonte: Jornal de
Comércio (RS)
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