Setor vê com otimismo futuro empreendimento no
Litoral gaúcho. Estruturas serão instaladas a sete quilômetros de distância da
praia
Quase 15 anos após a
inauguração do Complexo Eólico de Osório, o primeiro do tipo no Brasil, os
estudos para construção de um megaparque eólico offshore (afastado da costa
terrestre) no mar de Capão da Canoa marcam mais um passo na discussão sobre a
nova fronteira a ser atingida pelo setor de energia renovável. Pelo projeto, o
complexo terá 200 aerogeradores, com capacidade para produzir 3 GW - o
investimento poderá ficar entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões, conforme
estimativas de mercados.
O secretário de Planejamento
e Meio Ambiente de Capão da Canoa, Jorge Arbello, afirmou que é difícil
mensurar os impactos positivos do empreendimento da Força Eólica do Brasil, das
acionistas Neoenergia e a Elektro Renováveis, justamente por ainda ser um
estudo, mas está bastante otimista com a possibilidade. "Tudo que é
investimento que vem para o município a gente encara com bons olhos", diz.
O diretor do Departamento de
Energia da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Eberson Thimmig
Silveira, explica que o Rio Grande do Sul tem o maior potencial eólico
individual entre as 27 unidades federativas do País, e está em quarto no
ranking nacional de capacidade de geração de energia elétrica via este modelo.
Aqui, de acordo com o Atlas de Energia Eólica do Rio Grande do Sul, o potencial
onshore é de 103 gigawatts em torres de 100 metros de altura e de 245 gigawatts
em torres de 150 metros - já o potencial offshore é de 34 gigawatts em lagoas e
80 gigawatts no oceano.
Também foi no Estado que se
instalou o primeiro parque eólico brasileiro, em 2006. Segundo Silveira, o Rio
Grande do Sul tem potência instalada de 79,6% de energia renovável - a maior
parte disso hídrica, seguida pela eólica - e 20,4% de combustíveis fósseis. Ao
todo, a energia eólica representa 9,6% da geração nacional.
"Em geral, a energia
eólica se tornou muito competitiva no Brasil", conta. Ele explica que o
custo de obras do tipo, desde construção até manutenção, baixou bastante e
passou a ser cada vez mais atrativo. O que ainda é caro é o offshore - caso do
novo parque eólico - justamente pelas complexidades de um empreendimento do
tipo dentro do mar. "A manutenção é uma logística diferente, em um
ambiente mais agressivo por causa da maresia", assinala ele.
Para Élbia Gannoum,
presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a queda dos
custos está diretamente associada ao desenvolvimento da tecnologia e à
qualificação dos processos. Conforme a executiva, o desenvolvimento do offshore
é consequência direta do onshore. "O Brasil começou com o onshore mais
fortemente em 2009, 2010, mais tarde do que a Europa, e isso não é nenhum
demérito. Só começamos a investir em onshore quando a tecnologia trouxe
produtividade. Como temos muitos recursos de energias renováveis, quando essa
tecnologia se tornou acessível e se tornou uma escolha racional, o País passou
a investir em eólica", explica.
Offshore pode considerar também lagoas do Estado
Para o presidente do
Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul
(Sindienergia-RS), Guilherme Sari, obras como a do megaparque eólico de Capão
da Canoa são fundamentais sob um entendimento de desenvolvimento. Entretanto,
ele aponta que, por um olhar conservador, é preciso cuidado com o tema e
acompanhar definições sobre a regulamentação da geração de energia offshore no
Brasil, que já está sendo parcialmente discutida no Congresso Nacional.
"Embora o offshore no mundo já exista e já tenha sido aventado a algum
tempo, nenhum licenciamento foi feito ainda", diz. Mesmo assim, ele vê
esse desafio com bons olhos. "É um novo mercado, e vai abrir um novo rol
de investidores".
Segundo Sari, existe um
diferencial no Brasil porque os projetos offshore estão sendo planejados
próximos à costa, que é o caso do megaparque de Capão da Canoa, previsto a uma
distância de sete quilômetros da praia. Nessa lógica, ele estima um potencial
de expansão do modelo para outros corpos d'água no Estado. "O Rio Grande
do Sul tem a maior lagoa da América Latina, que é a Lagoa dos Patos, e também a
segunda maior lagoa do Brasil que é a Lagoa Mirim. Essas duas têm grande
potencial de exploração", afirma.
Para Sari, entre as vantagens
competitivas está o calado mais baixo dessas lagoas, que também são de grande
extensão. Por isso, o investimento pode não diferenciar tanto dos parques
onshore, funcionando como um "onshore molhado".
Fonte:
Jornal do Comércio do RS, com adaptações da M&M
Assessoria Contábil
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