Neste artigo,
entenda as semelhas, diferenças e o que une os profissionais de T.I e de
contabilidade
No mundo tecnológico em que vivemos não há
profissão imune aos registros de dados. Todas as profissões têm nas Ciências da
Computação apoio fundamental, quando não é a própria essência. Da medicina à
arqueologia, do jornalismo às engenharias, todas as pessoas que atuam no
mercado corporativo ou em pesquisas acadêmicas necessitam do que chamamos,
comumente, de Tecnologia da Informação - TI.
Entidades estatais, privadas, condomínios,
cooperativas etc. não operariam sem o uso da tecnologia da informação. Não me
refiro apenas aos dispositivos, mas a eles também. Nossos smartphones deixaram
de ser um aparelho para falar e ouvir, mas um potente computador de mão, e como
tal, processa volumes imensos de dados conectados ou não à grande rede.
No cenário de interconectividade e
colaboração profissional, os contabilistas são grandes consumidores de
informações - a partir dos dados das entidades.
A ciência contábil, assim como outras
ciências, depende de muitas interações dos dados e seria injusto definir os
profissionais como usuários e usuárias, apenas. Usuário é quem apenas usufrui.
Os contadores e contadoras, via de regra, definem aos profissionais de TI como
deverá ser o tratamento adequado dos dados para que sejam úteis à tomada de
decisão e redução de risco tributário.
O papel das pessoas que exercem esta
categoria está na Wikipedia: Contabilista é o profissional da ciência contábil
ou contabilidade responsável por lidar com toda a área financeira, econômica e
patrimonial de uma pessoa jurídica ou pessoa física.
Os contadores, assim como os cientistas de
dados, precisam lidar com questões sensíveis como segurança, reputação,
confiabilidade e integridade. São muitas áreas envolvidas. Por semelhança, e
não por acaso, o cientista de dados também atua com inúmeras fontes de
informações e mantém uma interface bastante rica com as gestões corporativas.
As pessoas que atuam nesta área do
conhecimento, segundo a USP, os bacharéis em ciência de dados dominam
conhecimentos e habilidades em campos como: algoritmos; estruturas de dados e
programação; inteligência artificial, aprendizado de máquina e mineração de
dados estruturados e não estruturados; modelagem, organização, armazenamento e
gerenciamento de dados; modelagens matemáticas e estatísticas; otimização;
inferência estatística; visualização científica e de informação. Além disso,
desenvolvem competências éticas, de comunicação e de pesquisa (Jornal da USP).
À minha provocação talvez seja possível
afirmar que são muito distintas as duas profissões. Aceito. E pondero:
distintas no foco, no resultado do esforço e dedicação. Todavia muito
semelhante pelo tratamento dado ao grande volume de dados.
O Big Data Fiscal de uma empresa, no
passado chamado de Data Warehouse fiscal - respeitadas a discrepâncias entre os
dois conceitos - podem ser percebidos pelo viés do uso intensivo da tecnologia.
A contabilidade, especialmente tributária, é um campo fértil para robotização.
A Inteligência Artificial aplicada para análise de dados contábeis é um caminho
sem volta.
Claro que o aprendizado de máquinas
dependerá dos seres humanos - contadores e contadoras que ensinam as máquinas
conceitos e procedimentos. Provavelmente no futuro o próprio trabalho será
treinar máquinas para fazer boa parte das tarefas rotineiros - na área contábil
e outras.
Teremos uma questão ética: quem terá acesso
aos nossos dados e qual será o uso - permitido e de fato - quando dispusermos
de robôs em rede realizando tarefas. Será que os robôs estarão programados para
não denunciar o contribuinte em caso de falha (ou de fraude)?
Já ouvi de um cliente que os profissionais
contábeis e os cientistas de dados são dois lados da mesma moeda. Eu diria que
estão no mesmo lado da moeda, pois no outro estão os desafios. Ter
empregabilidade se traduz na busca de mulheres e homens por ocupações que têm
desafio enorme de conhecer muitas profissões.
O que tenho feito nas últimas quatro
décadas, com algum sucesso, é traduzir aos profissionais de TI as demandas da
contabilidade tributária. E a cada dia me sinto ameaçado nas oportunidades de
consultoria em projetos. As inteligências inseridas nos sistemas são exponenciais.
Eu sou um profissional de TI e estudei - e ainda estudo - a contabilidade
tributária diariamente. Dou aulas de malhas tributárias digitais, auditoria
tributária digital, escrituração digital e digo que o ser humano ainda é a peça
fundamental nas organizações. Não sei até quando, mas ainda são.
O que também é fato: a distância entre a
capacidade de aprender das máquinas e dos humanos está
diminuta.
Por Mauro Negruni
Mestre
em valoração de intangíveis na Indústria Criativa e professor de malhas e
escrituração digital. É também consultor, palestrante, gestor do blog Mauro
Negruni e autor da coluna Conversa Tributária. Em seus mais de 35 anos atuando
no setor fiscal e tributário, é considerado um dos maiores especialistas no
Sistema Público de Escrituração Digital no país e permanece como membro do GT
de empresas piloto desde o seu início.