Novo modelo de associativismo informal
ganha força em busca de estratégias para incrementar vendas, aumentar o lucro e
trocar experiências
A
discussão sobre a melhoria dos negócios e aumento do faturamento (e do lucro)
não se limita mais a palestras e encontros formais em ambientes fechados. A
busca de informações e troca de experiências agora acontecem de maneira
informal. Essa mudança se verifica na "confraria dos negócios", uma nova
espécie de associativismo que envolve empreendedores de
diferentes ramos da economia.
A sala de reuniões é trocada pela mesa de bar, literalmente, para
discutir soluções e incrementar as vendas. Esse é o formato da nova modalidade
de associativismo, na qual, ao invés da formalidade do escritório e reuniões
burocráticas, os negócios são discutidos em clima de "happy hour",
com direito a um lanche, cervejinha ou drinks.
"A confraria de negócios promove uma reunião informal de pessoas -
e não necessariamente se unem com o mesmo interesse: buscar educação,
relacionamento e vivências corporativas. É tudo muito informal, mas porém
organizado, com intuito de gerar conhecimento, diversão e relacionamento
natural", afirma o consultor de negócios Fred Rocha, de Montes Claros, no Norte
de Minas. Ele ministra palestras sobre empreendedorismo em todo país.
"Trata-se de um associativismo feito de
maneira mais leve, digamos, menos autoritário, sem aquela hierarquia, sem
composição de mesa, sem aquela politicagem que que as pessoas não aguentam
mais", afirma Rocha. "Na confraria, os empresários discutem as coisas de forma
igual. Cada um aprende com o erro do outro", completa.
O consultor salienta que no Brasil, historicamente, os cidadãos
sempre conviveram a cultura da formalidade nos eventos, fomentada por entidades
como a Maçonaria e clubes de Rotary. Porém, nos dias atuais, as pessoas
preferem eventos informais para debater formas de vencer obstáculos, buscar
mais eficiência e incrementar as vendas.
"Podemos ter mais aprendizado e mais
interação no evento informal. Quando a gente aprende divertido é tudo mais
gostoso. É tudo mais legal e a gente não vê o tempo passar. Inclusive, é um
modelo que está sendo criado hoje nas escolas, que dá para as crianças
aprenderem de uma forma mais divertida", relata.
Ele coloca as confrarias de negócios dentro do sistema que chama
de "educationment", uma combinação de educação e entretenimento. O empreendedor
lembra que as confrarias de negócios são "mais niveladas e menos burocráticas",
mas que zelam pela disciplina e organização.
Fred Rocha salienta que as associações
comerciais do estado deveriam adotar as confrarias de negócios. Nesse sentido,
vai sugerir à Federação Comércio de Minas Gerais (Fecomércio) e à Federação da
Associações Comerciais de Minas Gerais (Federaminas) que também venham
estimular o modelo de discussão informal.
O consultor adota o modelo informal na prática em Montes Claros,
onde criou a "Confraria Venda do Fred de Negócios". Trata-se de uma iniciativa
que promove reuniões informais eu um espaço conjunto de bar, restaurante e
cultura regional. Os encontros contam com a participação de empreendedores de
diferentes ramos do comércio, que assistem a palestras e discutem estratégias e
soluções para seus negócios.
Em Montes Claros também foi criada a
Confraria de Negócios 84, que reúne empreendedores de vários segmentos
comerciais. "Vejo a confraria como uma moderna forma de associativismo. Dividir
nossas dores, nossas angústias, nossas experiências, nossas visões como
empresário e dividir o futuro dos nossos negócios. Isso torna nós da confraria
muito mais transparentes e de liberdade um com o outro, afirma o presidente da
Confraria 84, Gilberto Gualter dos Santos.
Diretor de uma empresa de revenda de
tratores e implementos agrícolas, Gualter lembra que a iniciativa informal
surgiu durante a pandemia da Covid-19 e se reúne quinzenalmente em um bar da
cidade, com encontros intercalados, uma reunião fechada e outra com as
presenças de convidados para trocar experiências. Atualmente, o grupo conta 20
integrantes.
Ele ressalta que os encontros informais proporcionam a troca
de experiência, com um tratamento igual entre os participantes. "Nós somos
exemplo um para o outro. Creio que à medida que nós convivemos juntos,
confiando mais um no outro, nós trocamos experiências, principalmente, sobre
aquilo que nós fizemos que deu certo ou que deu errado, nós estamos pensando em
melhorar no futuro", assegura.
Fonte:
Estado de Minas