Medida impede criminosos de usarem CPFs suspensos, cancelados e nulos
além de CNPJs suspensos, inaptos, baixados e nulos em golpes envolvendo o Pix.
A inconformidade dos CPFs e CNPJs que restringirá o uso do pix não tem relação
com o pagamento de tributos.
O Banco Central (BC) publicou nesta quinta-feira
(6/3/2025) alterações no Regulamento do Pix para exigir que as
instituições financeiras e instituições de pagamento participantes garantam que
os nomes das pessoas e das empresas vinculadas às chaves Pix estejam em conformidade
com os nomes registrados nas bases de CPF (Cadastro de Pessoa Física) e de CNPJ
(Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) da Receita Federal.
A inconformidade dos CPFs e CNPJs que restringirá o uso
do pix não tem relação com o pagamento de tributos, mas apenas com a
identificação cadastral do titular do registro na Receita Federal. A própria Instrução
Normativa RFB 2172, de 09 de janeiro de 2024, que dispõe sobre o CPF, determina
que a situação cadastral no CPF independe da regularidade dos pagamentos
dos tributos administrados pela Receita Federal. A
verificação de conformidade deverá ser efetuada sempre que houver uma operação
envolvendo uma chave Pix, como um registro, uma alteração de informações, uma
portabilidade ou uma reivindicação de posse.
Os participantes do Pix deverão excluir chaves de
pessoas e de empresas cuja situação não esteja regular na Receita Federal. CPFs
com situação cadastral "suspensa", "cancelada", "titular falecido" e "nula" e
CNPJs com situação cadastral "suspensa", "inapta", "baixada" e "nula" não
poderão ter chaves Pix registradas na base de dados do Banco Central. Para
saber a situação do seu documento, basta verificar no site da Receita federal. Além
disso, é possível regularizar a situação do CPF, conforme orientação no
site da Receita Federal.
Para entender a medida do Banco Central, é preciso
compreender que criminosos se valem tanto de documentos duplicados quanto
invalidados ou com dados inconsistentes para aplicarem golpes. Números de CPF
de pessoas mortas também são utilizados em estelionatos, bem como números de
CNPJ de empresas que já foram fechadas ou que estão em atividade suspensa. A
medida do Banco Central traz segurança para esses contribuintes, que podem ter
seus dados envolvidos em golpes, assim como para as demais pessoas, a partir do
momento que dificulta a ação de criminosos.
A Receita Federal, visando ampliar a segurança digital
e a proteção dos dados dos cidadãos lançou a ferramenta Proteção do
CPF. Essa nova funcionalidade oferece ao cidadão, de forma intuitiva, a
possibilidade de impedir que o seu CPF seja incluído de forma indesejada no
quadro societário de empresas e demais sociedades. Basta acessar o site https://permissao.negocios.redesim.gov.br/consultar
Trata-se de uma funcionalidade gratuita, que protege o
CPF do cidadão em todo o território nacional. Além disso, abrange todos os órgãos
registradores (Juntas Comerciais, Cartórios de Registro de Pessoas Jurídicas e
OAB) e alcança todos os tipos jurídicos, incluindo o Microempreendedor
Individual - MEI e o Inova Simples. Com o CPF protegido, caso deseje participar
de algum CNPJ, o cidadão poderá reverter o impedimento de forma simples,
acessando a mesma funcionalidade e alterando a situação.
Com as novas medidas, será mais difícil para os
golpistas manterem chaves Pix com nomes diferentes daqueles armazenados nas
bases da Receita Federal. Para garantir que os participantes do Pix cumpram as
novas regras, o Banco Central irá monitorar periodicamente a conduta dos
participantes, podendo aplicar penalidades para aquelas instituições que
apresentem falhas nesse processo.
Além disso, o Banco Central está criando uma segunda
linha de defesa, em que o próprio Banco Central atuará ativamente para detectar
chaves Pix com nomes diferentes do registrado na Receita, para garantir que os
participantes excluam ou ajustem essas chaves.
O Banco Central proibiu a alteração de informações
vinculadas a chaves aleatórias e a reivindicação de posse de chaves do tipo
e-mail. Pessoas e empresas que usam chaves aleatórias e que queiram alterar
alguma informação vinculada a essa chave não poderão mais fazê-lo. A partir de
agora, deve-se excluir a chave aleatória e criar uma nova chave aleatória, com
as novas informações.
Pessoas e empresas que queiram reivindicar a posse de
um e-mail também não poderão mais fazê-lo. Chaves do tipo e-mail não poderão
mais mudar de dono. Apenas chaves do tipo celular continuam a ter acesso a essa
funcionalidade, para permitir que números de celular pré-pago, que podem mudar
de dono, também possam mudar de dono quando registradas como chave Pix.
Por fim, o Banco Central liberou a realização de
devolução de qualquer valor em dispositivos de acesso não cadastrados. A medida
que restringiu a iniciação de transações Pix em dispositivos de acesso
não-cadastrados a valor de, no máximo, R$ 200,00, que entrou em vigor em novembro
de 2024, estava impedindo que transações de devolução de boa-fé iniciadas pelo
próprio recebedor pudessem ser feitas a partir de dispositivos não-cadastrados.
Mudança na regra do
PIX deve atingir 1% de chaves ligadas a CPF
As novas regras de uso
do Pix devem afetar 8 milhões de chaves ligadas ao Cadastro de Pessoas Físicas
(CPFs), informou nesta
quinta-feira (6), em Brasília, o chefe adjunto do Departamento de Competição e
de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central (BC), Breno Lobo. Agora, o
Banco Central publicou alterações nas regras do Pix para suspender as
chaves de CPFs e do Cadastro de Pessoas Jurídicas (CNPJs) que não estejam
regulares na Receita Federal.

Segundo o Banco Central, a medida visa
aprimorar a segurança das transações e impedir a aplicação de golpes via Pix,
utilizando nomes diferentes daqueles armazenados na base de dados da Receita
Federal. A norma determina que o CPF com situação
cadastral suspensa, cancelada, titular falecido e nula não poderá ter chave Pix
registrada na base de dados do Banco Central.
Atualmente, o Banco Central registra 836
milhões de chaves Pix cadastradas, das quais 796
milhões são ligadas a pessoas físicas (CPFs). Desse total, 99% estão em
situação regular e apenas 1% - cerca de 8 milhões - apresenta problemas.
Os dados são de fevereiro. Breno Lobo informou ainda que o Banco Central
identificou que a maior parte das inconsistências está relacionada a problemas
com a grafia de nomes e que a medida também vai ajudar a resolver esse tipo de
problema cadastral de pessoas físicas.
De acordo com o Banco Central, as inconsistências estão
distribuídas da seguinte forma:
- 4,5 milhões: grafia inconsistente
- 3,5 milhões: titulares falecidos
- 0,03 milhão: suspenso
- 0,02 milhão: cancelado
- 0,001 milhão: nulos
"No banco você só
pode abrir uma conta com CPF e CNPJ válido; por falhas nesse processo os bancos
deixam passar nomes diferentes do CPF e do CNPJ", disse. "Meu nome é Breno e
vamos dizer que o banco registre, na minha conta, o nome Bruno, isso é um
problema e o próprio banco tem mecanismos para resolver", explicou.
Além dos problemas com grafia de nomes, o Banco Central
também identificou irregularidades envolvendo CPFs de pessoas falecidas e que
ainda constam da base de dados cadastrais dos bancos. Na avaliação do Banco
Central, a medida vai ajudar a resolver esse problema cadastral, já que esses
CPFs têm sido usados para aplicar golpes.
O diretor do Banco Central reiterou que a medida não é
voltada para questões fiscais, mas para erros ou inconsistências cadastrais e
foi tomada após o Banco Central identificar a utilização de chaves Pix
vinculadas a nomes e CPFs que não correspondiam ao registrado nas bases da
Receita Federal.
"O que a gente quer impedir é que um fraudador registre qualquer chave em
qualquer banco com um nome diferente do que está [registrado] na Receita
Federal. Um exemplo é o fraudador que registra, por exemplo, o nome de pagamentos IPVA com
o CPF e outro nome cadastrado na Receita", disse Lobo durante entrevista, em
Brasília, para explicar as mudanças. "Essa é a fraude que a gente está querendo
impedir", reiterou.
Empresas
Em relação a empresas, a norma diz que o CNPJ com
situação cadastral suspensa, inapta, baixada e nula também não poderá ter
chaves Pix registradas na base de dados do Banco Central.
Atualmente, o Banco Central tem registradas
39,8 milhões de chaves vinculadas a CNPJs. Desse total,
95% estão com a situação regular, o restante - cerca de 2 milhões - apresenta
problemas na comparação com a base de dados da Receita. Desse total, 59% estão
com o CNPJ inapto, 39% na situação de CNPJ baixado, quando a empresa encerra
suas atividades, e 2% estão com o CNPJ suspenso.
Entre os problemas encontrados pelo Banco Central estão
CNPJ sem validade, não cumprimento de obrigações legais, indícios de fraude e
mais de dois anos sem apresentar demonstrativos ou declaração contábil, o que,
na avaliação da autoridade monetária, configuraria uma situação que beira a
fraude.
Questionado se as regras de suspensão poderiam afetar
diretamente microempreendedores individuais (MEIs), que, muitas vezes, por não
contar com estrutura contábil adequada acabam atrasando a entrega de declarações
e ficam com pendências fiscais junto à Receita Federal, Lobo disse que o Banco
Central está trabalhando com o órgão para minimizar a situação.
"A gente vai acompanhar junto à Receita Federal a
situação do MEI para que isso não aconteça. Operacionalmente, ainda não
desenhamos a forma, mas conversamos com a Receita para poder operacionalizar e
não permitir que situações fiscais interfiram no uso do Pix por parte dos
MEIs", acentuou.
Sem data para
vigorar
As novas regras ainda não têm data para entrar em vigor. Breno Lobo
esclareceu ainda que toda chave Pix contém informações que ficam vinculadas à
chave, como CPF, CNPJ, nome do titular, nome fantasia, data de abertura da
conta na qual a chave está vinculada e data de criação da chave, por
exemplo.
A estimativa do Banco Central C é que - dentro de 30
dias - os bancos já tenham limpado as informações fraudulentas ou incorretas de
suas bases de dados.
"A gente quer evitar o uso de empresas abertas com
nomes para legitimar golpes. {Pretendemos] dificultar a vida dos fraudadores e
dos golpistas na hora da aplicação de golpes", finalizou.
Fontes: Secretaria de Comunicação Social e
Agência Brasil