A
transformação digital mexeu com o mercado de cobrança adicionando modelos automatizados,
multicanais e orientados por dados. Nesse cenário, o monitoramento adequado de
KPIs (Key Performance Indicators) alinhados a essa nova realidade tornou-se
indispensável para empresas que buscam eficiência e resultados consistentes na
recuperação de crédito.
Diferentemente da
cobrança tradicional, onde métricas como volume de alôs, acordos fechados,
tempo logado entre outros predominavam, o ambiente digital exige uma análise
multidimensional que acompanhe toda a jornada do cliente. Para isso, é
essencial estruturar os indicadores, e neste artigo compartilho três grupos
complementares: técnicos (infraestrutura), operacionais (funil) e de resultado
(recuperação).
Essa
abordagem estratificada permite não apenas identificar gargalos específicos, mas
também correlacionar dados para otimização contínua da operação. A seguir,
explore como cada grupo de KPIs contribui para uma visão completa do desempenho
da cobrança digital.
Indicadores técnicos:
monitoramento da jornada digital
A eficiência técnica
forma a base de qualquer estratégia de cobrança digital. Falhas na
infraestrutura, lentidão ou erros nos sistemas podem comprometer toda a jornada
do cliente, independentemente da qualidade da estratégia implementada. Entre os
indicadores mais relevantes estão:
·
Tempo médio de engajamento: mensura quanto
tempo o cliente permanece no site. Tempos muito curtos podem indicar
desinteresse ou problemas de usabilidade e tempos excessivamente longos podem
sinalizar obstáculos no processo.
·
Tempo médio para conversão: mede o tempo
entre o primeiro contato e a finalização do acordo. Ajuda a identificar etapas
que causam fricção na jornada.
·
Taxa de abandono por etapa: percentual de
clientes que desistem em cada fase do processo. Altas taxas em etapas
específicas apontam problemas de usabilidade ou barreiras técnicas.
·
Tempo de resposta das APIs: avalia a
velocidade da comunicação entre sistemas integrados. Respostas lentas impactam
negativamente a experiência, especialmente em momentos críticos como simulações
de acordos.
·
Taxa de erro por integração: mede a
frequência de falhas nos pontos de integração sistêmica. Manter esse número
baixo é crucial para a estabilidade da operação.
Esses indicadores
permitem ajustes rápidos na infraestrutura, garantindo uma experiência fluida e
confiável ao cliente durante sua jornada de negociação. Caso sua operação ainda
não conte com uma estrutura robusta de monitoramento em tempo real, comece com
uma análise por hora e evolua gradualmente para uma visão online. A dica é:
sempre que identificar desvios em relação à média, realize testes controlados
para entender as causas e promover correções.
Indicadores operacionais: o
funil de conversão
O conceito de funil
aplicado à cobrança digital permite visualizar o caminho percorrido pelo
cliente do primeiro contato à efetivação do pagamento. Cada etapa representa
uma oportunidade de otimização para maximizar as conversões.
·
Percentual da base acionada: proporção de
clientes da carteira que efetivamente recebem as comunicações. Revela a
eficiência da estratégia de contato e eventuais falhas nos dados cadastrais.
·
Taxa de abertura qualificada: vai além da
abertura de mensagens, medindo interações relevantes com o conteúdo. No caso do
e-mail a abertura e clique nos links.
·
Taxa de cliques na oferta: percentual de
clientes que, após acessarem a comunicação, demonstram interesse clicando em
propostas. Indica a eficácia do conteúdo e das condições apresentadas.
·
Taxa de conversão assistida: mede quantos
clientes precisaram de suporte humano (se houver) para concluir a negociação.
Ajuda a equilibrar automação e atendimento personalizado.
·
Taxa de reengajamento digital: avalia o
sucesso em retomar contato com clientes que abandonaram processos anteriores. É
essencial para estratégias de remarketing e recuperação de carrinho abandonado.
A análise desses
indicadores permite testar diferentes formatos de abordagem, horários de envio
e canais de contato. O funil revela exatamente onde estão as perdas e onde
estão as maiores chances de ganhos com ajustes rápidos.
Indicadores de resultado: eficiência da recuperação
Enquanto os dois
grupos anteriores acompanham o processo, os indicadores de resultado revelam o
impacto financeiro das ações digitais. São métricas que justificam
investimentos e embasam decisões estratégicas.
·
Percentual de efetividade: relação entre
acordos pagos e acordos fechados. Indica a qualidade das negociações
realizadas.
·
Índice de recuperação digital: volume
financeiro recuperado exclusivamente pelos canais digitais, em relação ao
potencial da carteira. Permite comparações diretas com canais tradicionais.
·
ICM (Índice de Cumprimento de
Meta): avalia
o desempenho em relação às metas estabelecidas, tanto em volume quanto em
número de acordos.
·
Ticket médio recuperado: valor médio
dos acordos efetivamente pagos.
·
Custo por real recuperado: compara o
investimento total na operação digital com o valor recuperado. Também é
possível analisar o custo por real faturado, o que ajuda a determinar o limite
financeiro para continuar ou interromper certas ações de cobrança.
Esses indicadores
fecham o ciclo de análise, demonstrando o impacto das estratégias adotadas e
alimentando decisões sobre alocação de recursos, escolha de canais e
priorização de carteiras.
É bem provável que
você tenha dezenas de outros KPIs em sua operação e sim, cada negócio pode (e
deve) montar a cesta de indicadores que melhor reflita a sua realidade.
Contudo, tenha
sempre em mente os principais: aqueles que permitem entender rapidamente se as
coisas estão no rumo certo ou se é hora de recalcular a rota.
E na sua empresa,
como são medidos os resultados na cobrança digital?
Autor: Claudê Sá. Especialista em Cobrança Digital com mais de 27 anos
de experiência, tendo atuado em empresas como Banco Itaú, Paschoalotto, Flex
Contact Center, Pontaltech e Adimplere. Graduado em Administração, com pós-graduado
em Gestão Estratégica de Negócios pela FGV e MBA em Varejo e Mercado de Consumo
e Marketing ambos pela ESALQ-USP