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A coerência entre o discurso e a prática


Publicada em 15/03/2018 às 09:00h 

O tema era comportamentos anti-sociais. Pequenos danos que cometemos em relação ao meio-ambiente e às outras pessoas: jogar lixo fora do lixo; cuspir no chão; empurrar as pessoas sem pedir licença; furar fila; falar alto demais em ambientes públicos; emprestar e não devolver, etc. Durante a aula, os meus alunos de antropologia da universidade federal em que eu lecionava, criticavam as pessoas que não respeitam o meio-ambiente. Criticavam os sem sensibilidade em relação a seus semelhantes e diziam até mesmo ter vontade de ir embora do Brasil por tanta falta de respeito que viam todos os dias. Chegou a hora do intervalo.


Sem que meus alunos soubessem, pedi a alunos da psicologia comportamental que observassem esses mesmos alunos na cantina da universidade. Na volta à classe, pedi aos alunos de psicologia que relatassem o que haviam observado. Surpresos, meus alunos de antropologia foram acusados, um a um, de terem jogado lixo fora do cesto de lixo; colocado os pés na parede recém pintada da cantina; furado fila; perturbado o ambiente; etc. Quando perguntei aos alunos infratores o que eles tinham a dizer, disseram:  - Não sabíamos que estávamos sendo observados.... Em seguida, a nossa discussão foi sobre as razões pelas quais criticamos tanto alguns comportamentos e atitudes e em seguida fazemos as mesmas coisas que acabamos de criticar. A discussão foi sobre a incoerência entre o discurso e a prática.


E não é assim em nossa vida e em nossa empresa? Criticamos o mau  atendimento que recebemos como clientes e oferecemos aos nossos clientes um atendimento sofrível. Criticamos a qualidade dos produtos que compramos e não damos a devida atenção à qualidade do que produzimos. Reclamamos de nossos clientes que atrasam o pagamento e somos conhecidos por atrasar o que devemos pagar.  Criticamos os fofoqueiros e falamos mal dos outros. Criticamos os que não cumprem prazos e horários e falhamos com as nossas mais simples obrigações. Criticamos os mentirosos e muitas vezes faltamos com a verdade.  Por que tanta incoerência?


Criticar é fácil. Acusar é fácil. Apontar os erros alheios é fácil. Difícil é mudar o nosso comportamento.

Difícil é fazer certo a nossa parte. Difícil é começar a reformar o mundo e a humanidade a partir de nós mesmos. Difícil é ser coerente.


Pense nisso. Sucesso!

Por Luiz Marins.






Sobre o(a) colunista:



Autor: Luiz Marins - Antropólogo. Estudou Antropologia na Austrália (Macquarie University) sob a orientação do renomado Prof. Dr. Chandra Jayawardena (Sri Lanka) e na Universidade de São Paulo (USP) sob a orientação da Profa.Dra. Thekla Hartamann, autor de mais de 13 livros.
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