O tema era comportamentos anti-sociais. Pequenos danos
que cometemos em relação ao meio-ambiente e às outras pessoas: jogar lixo fora
do lixo; cuspir no chão; empurrar as pessoas sem pedir licença; furar fila; falar
alto demais em ambientes públicos; emprestar e não devolver, etc. Durante a
aula, os meus alunos de antropologia da universidade federal em que eu
lecionava, criticavam as pessoas que não respeitam o meio-ambiente. Criticavam
os sem sensibilidade em relação a seus semelhantes e diziam até mesmo ter
vontade de ir embora do Brasil por tanta falta de respeito que viam todos os
dias. Chegou a hora do intervalo.
Sem que meus alunos soubessem, pedi a alunos da
psicologia comportamental que observassem esses mesmos alunos na cantina da
universidade. Na volta à classe, pedi aos alunos de psicologia que relatassem o
que haviam observado. Surpresos, meus alunos de antropologia foram acusados, um
a um, de terem jogado lixo fora do cesto de lixo; colocado os pés na parede
recém pintada da cantina; furado fila; perturbado o ambiente; etc. Quando
perguntei aos alunos infratores o que eles tinham a dizer, disseram: - Não sabíamos que estávamos sendo
observados.... Em seguida, a nossa discussão foi sobre as razões pelas quais
criticamos tanto alguns comportamentos e atitudes e em seguida fazemos as
mesmas coisas que acabamos de criticar. A discussão foi sobre a incoerência
entre o discurso e a prática.
E não é assim em nossa vida e em nossa empresa?
Criticamos o mau atendimento que recebemos como clientes e oferecemos aos
nossos clientes um atendimento sofrível. Criticamos a qualidade dos produtos
que compramos e não damos a devida atenção à qualidade do que produzimos.
Reclamamos de nossos clientes que atrasam o pagamento e somos conhecidos por
atrasar o que devemos pagar. Criticamos os fofoqueiros e falamos mal dos
outros. Criticamos os que não cumprem prazos e horários e falhamos com as
nossas mais simples obrigações. Criticamos os mentirosos e muitas vezes faltamos
com a verdade. Por que tanta incoerência?
Criticar é fácil. Acusar é fácil. Apontar os
erros alheios é fácil. Difícil é mudar o nosso comportamento.
Difícil é fazer certo a nossa parte. Difícil é começar
a reformar o mundo e a humanidade a partir de nós mesmos. Difícil é ser
coerente.
Pense nisso. Sucesso!
Por Luiz Marins.