Resumo:
Apresentamos uma breve análise sobre as ideologias vinculadas à
ambiência da contabilidade, pois diz-se de ideologia para aquilo a que se
atribui à origem das ideias humanas, pela via dos valores e percepções
sensoriais do mundo. Sendo habitualmente encontrado duas principais ideologias
contabilísticas, a vinculada à política contábil, que diz como deve ser os
registros contábeis e o patrimônio, e a da ciência da contabilidade, que diz
como é o patrimônio.
Palavras-chaves: Ideologias contabilistas. Ciência da contabilidade. Política contábil.
Ideologia do conhecimento contabilístico.
1.
Introdução:
No âmbito da
contabilidade, as ideologias vertem das formas de consciência sobre o que é a
contabilidade, e abrangem um sistema de ideias, ou seja, das correntes que
legitimam o conhecimento intelectual dos operadores da contabilidade, portanto,
diferentes formas de expressar os interesses (ideologia do conhecimento
contabilístico).
Como ponto
de partida temos as situações vinculadas à liberdade de cátedra, onde se
prioriza determinado conhecimento em prejuízo de outros, que, quiçá, ficam em
segundo plano. As diferentes formas de ideologias, representam as visões de
controle e registros do patrimônio, orientado para ações: econômicas,
tributárias, sociais, financeiras, periciais, as vinculadas às teorias, e,
principalmente, gerenciais.
Justifica-se
esta abordagem pela necessidade de se compreender o comportamento contemporâneo
dos operadores da contabilidade.
2.
Desenvolvimento:
As
ideologias contábeis, hodiernamente se consagrou como sendo um conjunto de
valores que apresentam uma sistematização que fazem a credibilidade das
informações patrimoniais, o qual se propõe a explicar, elucidar ou interpretar
os fenômenos das impulsões patrimoniais. As ideologias apresentam convergências
e divergências entre si. Como exemplo de divergência, temos os contadores
que defendem o não registro contábil do ativo intangível fundo de comércio
internamente desenvolvido, e os que o defendem, como sendo uma condição sem a qual,
não é possível demonstrar a realidade patrimonial.
Outra
divergência, é o registro do capital não integralizado como um direito no ativo[2];
em contradição dos que acreditam que o capital não integralizado deve ser uma
conta redutora do patrimônio líquido (ideologia da política contábil, posição
da Lei 6.404/1976, art. 182). Como convergência, temos: o ato de que, o ativo
menos o passivo, é igual ao patrimônio líquido e que as origens de recursos
representam um crédito e as aplicações representam um débito.
Ideologia
pode ser considerada um instrumento de preponderância que age por meio de
convencimento indutivo (persuasão ou dissuasão, que age de forma a influenciar
a consciência dos contadores.
A ideologia
vinculada à política contábil (normas legais e infra legais) representa um
juízo de valor, logo, tem uma importância prescritiva que mascara o objeto,
objetivo e finalidade, mostrando apenas como se espera seja a prática contábil,
escondendo sua real validade. Já no campo da ciência da contabilidade,
correntes científicas, entre elas destacamos o neopatriomonialismo que oferece
uma formulação científica, com teoremas e axiomas, que retira da política, o
caráter de falsa consciência, e concentra-se no aspecto das relações da
movimentação do patrimônio. E por este viés, seria possível acreditar que
uma ideologia poderia ser um meio "deformador da realidade"; ou simplesmente um
conjunto de ideias e opiniões dos profissionais da contabilidade proveniente da
divisão entre os registros para atender o fisco e os de caráter
científico, gerenciais. E, a partir desta divisão, teriam surgidos os ideólogos[3] ou
intelectuais que passaram a operar em favor das teorias contabilísticas.
Os
contadores, em relação às ideologias, não são sujeitos neutros, pois, cada um é
o juiz de sua própria consciência. E para as críticas, juízo de valor,
vinculadas às ideologias, pressupõe uma diferenciação implícita entre os
"conjuntos de ideias e os conhecimentos contábeis".
Defendemos
que as preferências ideológicas devem ficar a parte, pois o importante, é não
fecharmos a mente para a existência de variadas ideologias no âmbito da
contabilidade, e em especial, no ramo da perícia contábil, para evitarmos erros
de cognição e/ou atrofias mentais. A oportunidade de compreender as ideologias,
passa na carreira de todos os contadores como fato importante para colocarem em
prática e aperfeiçoar o conhecimento pelo uso do poder de persuasão, retórica e
lógica. Até porque, o progresso da ciência contábil percorre o caminho das
escolas, ou seja, das correntes doutrinárias que representam ideias, logo,
ideologias. A superação das resistências a outras ideologias, diversas a que
está enraizada em nosso intelecto, é a parte da consciencialização dos
contadores que exige paciência, reflexão, mais tempo e um maior esforço
intelectual. Pois, antes de se rejeitar ou aceitar uma ideologia, necessário se
faz um juízo crítico de ponderações.
3.
Considerações finais
O labor
contábil executado pelos operadores da contabilidade, (peritos, contadores,
auditores, analistas e consultores) em seus laboratórios, é o de colocar luz
sobre o tema basilar, ideologias, que comanda a moderna criação e a
interpretação das teorias e das gerações e informações aos mais variados
utentes da contabilidade.
Sempre é bom
lembrar os pensamentos de Albert Einstein: "A mente que se abre a uma nova
ideia jamais volta ao seu tamanho original. " Logo, um problema com
que um contador hodiernamente se depara, não pode ser resolvido com o mesmo
patamar de ideias e conhecimentos que o contador possuía quando o problema foi
criado, surgindo neste momento a necessidade de se conhecer novas ideologias
doutrinárias para a expansão da sua mente.
Seguir uma
ideologia pode representar, apenas, uma simpatia por afinidade de ideias, a um
dos muitos doutrinadores.
Em síntese,
a função das diferentes e novas ideologias, é a de criar modelos explicativos
aperfeiçoados.
Uma nova
ideologia, pode se mostrar compatível com o estágio de expansão das forças
intelectuais, tornando capaz de explicar um determinado fenômeno, como, por
exemplo: a teoria do valor, a teoria geral do fundo de comércio, a teoria pura
da contabilidade, o neopatriomonialismo, entre outras. Pois, uma ideia
visionária, para ser aceita, depende da sua consonância com um caso em
concreto.
[1]
Mestre em ciência jurídica, bacharel em ciências contábeis, arbitralista,
mestre em direito, perito-contador, auditor, consultor empresarial,
palestrante, especialista em avaliação de sociedades empresárias, escritor e
pesquisador de matéria contábil, professor doutrinador de perícia contábil,
direito contábil e de empresas em cursos de pós-graduação de várias
instituições de ensino. Informações sobre o autor e suas obras podem ser
obtidas em: http://www.jurua.com.br/shop_search.asp?Onde=GERAL&Texto=zappa+hoog.
Currículo Lattes em: http://lattes.cnpq.br/8419053335214376 . E-mail: wilson@zappahoog.com.br.
[2]
O capital não realizado financeiramente como item do ativo, é uma ideologia que
verte da teoria pura da contabilidade: O espírito da teoria pura da
contabilidade não é o de compensar diretamente no patrimônio líquido o capital
social com o capital ainda não integralizado, e sim, tratar de forma diferente
por registros em origens e aplicações, a fim de gerar uma informação clara e
precisa sobre os haveres e garantias para os credores. (HOOG, Wilson. A.
Z. Teoria Pura da Contabilidade. Ciência e Filosofia. 4. ed.,
Curitiba: Juruá Editora, 2017.)
[3]
O verbete, ideólogo, está sendo utilizado no sentido de identificar os
indivíduos que desenvolveram e melhoram a contabilidade, portanto, sujeitos que
focam nas pesquisas científicas.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
HOOG, Wilson. A.
Z. Teoria Pura da
Contabilidade. Ciência e Filosofia. 4. ed., Curitiba: Juruá
Editora, 2017.
Publicado em
07/03/2019.
Autor: Prof. ME. Wilson Alberto Zappa Hoog