"Os líderes de amanhã sabem
compartilhar o poder, a informação e o compromisso."(Flávio Kosminsky)
Uma das
maiores dificuldades atuais das empresas está na chamada retenção de talentos.
Após investirem em recrutamento, seleção e treinamento de seus profissionais,
assistem a muitos deles se desligarem seduzidos que são ora por um salário
maior, ora por benefícios, ora pelo status conferido pelo nome da organização
ou pelo título do cargo oferecido.
Acrescente-se
a este aspecto a crença propalada, em especial a partir do ano 2000, de que uma
carreira de sucesso constrói-se através de múltiplas experiências profissionais
em diferentes companhias.
Houve um
tempo em que o profissional confiável e competente era aquele que não passava
por mais do que uma ou duas empresas até sua aposentadoria. Hoje isso é visto
como sintoma de acomodação, apontando para obsolescência, aversão ao risco,
falta de dinamismo e ambição.
Abomino
rótulos, generalizações e paradigmas. Verdades absolutas, tidas
inquestionáveis, que obscurecem o pensamento, turvam a razão. Onde está escrito
que esta rotatividade de empregos é necessária ou mesmo saudável? Por que não
podemos edificar uma carreira auspiciosa atuando em uma mesma organização, onde
conhecemos as pessoas e o ambiente, assimilamos e nos alinhamos à sua cultura,
alcançamos prestígio, além de estabilidade e acúmulos salariais?
Estamos equivocadamente ensinando aos nossos jovens que uma carreira
sólida demanda promiscuidade corporativa, quando o que entorpece e definha o
profissional é sua estagnação. É parar no tempo, realizar
as mesmas tarefas, deixar de estudar e de aprender. E isso pode acontecer mesmo
pululando de uma empresa para outra.
Para
alcançar o topo da hierarquia, o que vale a pena perseguir é a mobilidade
horizontal, conhecendo a companhia integralmente, militando em diversas áreas,
compreendendo a sinergia entre os departamentos. No caso de empresas de grande
porte, há ainda a possibilidade de migrar para filiais ou outras empresas do
grupo, inclusive no exterior. O fato é que enquanto houver desafios e
satisfação pessoal, não há motivos para se mudar de emprego.
Todavia, se
a mudança for fruto de decisão madura decorrente de falta de reconhecimento,
clima organizacional desgastado, cabeça batendo no teto ou por força de
proposta irrecusável, assegure-se de que, quando o entusiasmo arrefecer e a
rotina se instalar, a nova empresa não se mostre uma autêntica "amante
argentina", cerceando sua autonomia, eliminando privilégios e exigindo o
comprometimento que um dia você não pôde ou não soube honrar.
Por Tom Coelho