Negócio
foi lançado por jovens que se conhecem desde os tempos de escola
A Albrook
Company, marca porto-alegrense de vestimentas e acessórios,
completou recentemente um ano. O negócio, cujo nome é em homenagem a um
bairro da Cidade do Panamá, atrai o público que curte o estilo streetwear.
Mais de 500 peças de camisetas, malas de viagem, moletons, calças, bonés,
pequenas bolsas (chamadas de shoulder bags) e jaquetas com uma pegada urbana foram vendidas desde o
início do projeto.
Os empreendedores à frente da iniciativa,
Lorenzo Albella, 21 anos, João Moretti, 22, e João Pedro di Marco, 22,
transformaram a amizade em uma sociedade. "Desde a época do colégio nós
ficávamos mandando fotos de peças de fora do País um para o outro. Queríamos
trazer elementos para o Brasil. Quando abriu a possibilidade de empreender,
percebemos que precisaríamos de mais uma pessoa para tocar o projeto e chamamos
o Moretti", conta Lorenzo, sobre as influências iniciais e o começo da Albrook.
Um dos sócios estava no país caribenho quando
tudo começou. Foi aí que surgiu a influência. "O di Marco morou lá, nós pegamos
essa referência e alguns elementos para nossas peças. Tudo nós criamos juntos,
pensando coletivamente. Eu costumo coordenar mais essa parte de desenhar as
peças, mexer nos programas, mas sempre agregando o pensamento deles", explica
Lorenzo.
Em um ano de marca, a Albrook já realizou
inauguração de coleção no Pier X (localizado, na época, no Shopping Iguatemi),
uma sunset no Bar do Espartano e uma festa no Jardim Secreto do Complex.
Segundo eles, os eventos são uma forma de manter os clientes por perto e
integrados.
"Queremos que nossos clientes sejam nossos
amigos. Roupa é uma forma de expressão, arte. Quem usa nossas roupas está em
sintonia com nossa forma de pensar, de algum modo", garante Lorenzo.
Com o Bar do Espartano, aliás, surgiu
uma collab com algumas peças especiais. Moretti garante que foi um passo
importante para o negócio.
Moretti define que a proposta da
empresa é atender, principalmente, o público jovem. "Nós tentamos sempre
manter uma lógica a cada coleção. Não só por ser questão de outono/inverno ou
primavera/verão, mas na pegada. A última veio bem minimalista, por exemplo.
Sempre respeitando o estilo geral e a proposta da marca."
Empreender no Brasil requer resistência. O
Sebrae, em 2018, liberou um estudo que mostra uma a cada quatro empresas
fechando no País antes de completar dois anos. Com o estudo, motivos como falta
de capacidade de planejamento digital, burocratização sistemática e crise
política se evidenciam. A Albrook iniciou entendendo isso.
"O principal erro que eu vejo é o
pensamento de que vai abrir um negócio e ficar rico da noite para o dia.
Passado o primeiro ano e o resultado não sendo o esperado, acontece a
frustração. Tem que ter o pé no chão. O primeiro ano da Albrook foi para
estruturar e maturar os processos. Hoje, podemos dizer que estamos bem melhores
que há um ano", entende Moretti.
"Vendem a ideia de que ter um negócio
é sinônimo de ficar milionário. Que estar extremamente rico é não trabalhar. O
que é totalmente o contrário da realidade. Estamos trabalhando muito mais do
que em uma empresa tradicional. O primeiro ano é se manter estável, pensando no
além", complementa o empreendedor.
"Nosso primeiro ano foi de muitos erros. E
eles trazem aprendizado. A capacidade de consertar os erros iniciais, que são
parte da naturalidade do processo, é o que vai dizer se o negócio sobrevive.
Uma moeda de dois lados é que nós três trabalhamos em empresas e temos outra
fonte de renda. O lado ruim é não ter 100% o foco, mas o lado bom é não ter que
tirar sustento a partir do dinheiro da marca. Tudo que ganhamos nós investimos
novamente na Albrook para aprimorar ela", destaca Lorenzo.
Sobre o futuro, projeta-se um
reposicionamento da marca em âmbitos estruturais diversos, desde a moda até os
canais de venda. Já há um ponto de vendas na Fellas Barber e os empreendedores
querem encontrar outros lugares que sirvam de ponto fixo das mercadorias.
"O lançamento de peças femininas é nosso
principal foco. Trabalhamos desde o começo com o conceito de unissex e
percebemos que as mulheres são um público muito ativo na marca. O percentual é
igual ou maior que dos homens, aliás. Então, na coleção de verão já vem novidade
como forma de valorizar quem já está do nosso lado. Ampliar os pontos de venda
também é meta. Precisamos de parceiros com a nossa cara", afirma Lorenzo.
Como conselho para outros empreendedores,
Moretti é enfático sobre a forma de iniciar um trabalho. "Tem muita gente que
espera estar tudo redondinho para começar. Nós sabíamos que algumas coisas
faltavam quando iniciamos. Quem espera demais para começar tem a tendência de
não começar. Tem que dar a cara tapa. Apanha, aguenta, arruma, aprende. Todo
empreendedor tem que ter a resiliência como um dos pilares principais", diz.
Fonte:
Jornal do Comércio (RS)/Geração E
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