Cardoso e Guerreiro viram no
compartilhamento do imóvel uma boa oportunidade para reduzir os custos
Cotista
oriundo do ensino público, o estudante de Arquitetura Telmo Guerreiro precisou
mudar do bairro Mathias Velho, em Canoas, onde morava, para um local mais
próximo do Campus-Centro da Ufrgs. Para isso, pesquisou uma série de imóveis em
Porto Alegre pela internet. Lá, encontrou categoria de locação especial para
universitários, com algumas facilidades no contrato. A prática tem sido
unanimidade entre as empresas que ofertam apartamentos em regiões próximas às
universidades estabelecidas na Capital.
De acordo
com o gerente Comercial de Aluguéis da Guarida, Rafael Spolavori, as campanhas
específicas para estudantes ocorrem desde 2015, no período de matrículas das
instituições de Ensino Superior.
"Temos
inclusive uma parte do site voltada justamente a estes usuários, onde o
interessado seleciona o campus onde vai estudar e é direcionado para imóveis
disponíveis próximos daquela universidade", comenta o gestor de aluguéis
da Guarida. Ele destaca que a empresa oferece locação facilitada para
estudantes, "com o mínimo de burocracia". "Nestes casos exigimos
apenas um fiador e o comprovante de matrícula em uma instituição de Ensino
Superior."
Ainda que
não precisasse sequer comprovar a renda, Telmo Guerreiro acabou não fechando
negócio direto com nenhuma imobiliária, porque surgiu a oportunidade de dividir
apartamento com um colega de curso. Natural de Encruzilhada do Sul, o também
estudante de Arquitetura Felipe dos Santos Cardoso já ocupava um apartamento na
rua Demétrio Ribeiro, na área central de Porto Alegre.Responsável pelo contrato
de locação, viu no compartilhamento uma forma de economizar com os custos.
A
vice-presidente do Secovi-RS, Elisabét Böelter, observa que é bastante comum a
prática de um estudante universitário se responsabilizar pelo contrato de
aluguel e dividir os custos com um colega ou mais. Ela também afirma que os
três primeiros meses do ano são de alta temporada para o mercado de locação de
imóveis. "De janeiro a março a demanda aumenta em 20%, graças ao público
que vem do Interior estudar em instituições na Capital, mas em junho, quando
ocorrem novas matrículas este movimento se repete", pondera a dirigente.
Segundo Elisabét, os cinco bairros mais procurados pelos estudantes são Centro,
Cidade Baixa, Floresta, Menino Deus e Petrópolis. "São regiões de melhor
acesso às universidades, com ciclovias, e com toda uma estrutura que garante
melhor custo-benefício." Ela afirma também que a maioria busca por dois
dormitórios, justamente para poder dividir as despesas.
"Em
geral, este público busca apartamentos com o mínimo de conforto e
infraestrutura, e próximo de ciclovias. É um mercado estável, com bastante
fluxo."
Destacando
que processo de locação está desburocratizado - levando uma média de no máximo
48h - para ser concluso, Spolavori comenta que a maioria dos estudantes que
chegam do interior busca por imóveis mobiliados. A tipologia mais procurada é
de um ou dois dormitórios, observa. Nestes dois produtos, o valor médio é de R$
900,00 a R$ 1300,00 mensais. Já o assistente de Marketing da Auxiliadora
Predial, Douglas Rodrigues, afirma que as facilidades para este público têm
aumentado ano a ano. "Na empresa criamos o Apê Universitário, uma campanha
que gera mais agilidade, sem burocracias, além da negociação ser totalmente
on-line, desde a visita ao imóvel até a assinatura do contrato." O
processo, segundo Rodrigues, é feito em até 12 horas em média.
Proximidade com campus é fator decisivo
na hora de assinar contrato
O estudante
de Arquitetura Felipe Cardoso conta que, ao buscar locação, não encontrou muita
burocracia. "Pediram apenas um fiador e aceitaram que fosse um amigo da
minha mãe", afirma. "Em geral, solicitamos que o fiador seja um
parente em primeiro grau", pondera o gerente comercial de Aluguéis da
Guarida, Rafael Spolavori. "Eu levava mais de uma hora para chegar até a universidade,
e, para assistir a uma cadeira que se inicia às 7h, precisava acordar em torno
de 5h, o que ficava muito cansativo", conta o colega de apartamento de
Cardoso, Telmo Guerreiro. "Estar a 10 minutos de caminhada até o campus
facilita tudo", complementa, destacando que a localização é um aspecto
importante na decisão por imóvel para quem está em uma universidade.
Impasse que
permeia a busca por moradia da grande maioria dos jovens e adultos que
ingressam na faculdade e precisam sair do Interior para residir na Capital, a
proximidade com o campus também pesou na escolha do estudante de curso
pré-universitário, Rodrigo Pirih Pecoits. Candidato a uma vaga na faculdade de
Medicina, há dois anos, ele saiu de Francisco Beltrão, no Paraná, para tentar
ingressar em uma das duas universidades federais que oferecem o curso no Rio
Grande do Sul. Como ambas instituições ficam na região central de Porto Alegre,
ele acabou optando por morar em uma unidade na avenida Independência.
"Meus
pais queriam um apartamento para alugar, mas surgiu a oportunidade de comprar
um imóvel, pois o custo-benefício seria maior", explica Pecoits. "A
parcela do financiamento ficou próxima do preço do aluguel", emenda,
destacando que os valores mais baixos estavam relacionados a imóveis mais
antigos, sem infraestrutura e mal localizados. Cardoso, por sua vez, acha que
fez um negócio vantajoso.
As despesas
com aluguel (do apartamento de um quarto) e condomínio ficam em R$ 878,00.
"Ainda economizo no almoço e na janta, aproveitando o restaurante da
Ufrgs." Com os recursos do auxílio-moradia que recebe da universidade, e
dividindo as despesas com Guerreiro, ele comenta que tem conseguido viver com
tranquilidade, dando total atenção aos estudos.
Fonte: Jornal do Comércio RS
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