Institucional Consultoria Eletrônica

Vida que segue


Publicada em 24/04/2020 às 09:00h 

"A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para frente." (Sören Kierkegaard)

Há alguns anos perdi meu pai, vitimado que foi por um câncer nos pulmões. Logo ele, não fumante e sem qualquer indício clínico de enfermidade. A doença evoluiu silenciosa, sendo diagnosticada tardiamente, já em fase de metástase. Lutamos bravamente por quatro longos e intensos meses, com uma esperança incontestável. Ao final, restou-nos o consolo de que seu sofrimento fora breve.

 
Não estamos habituados a perdas, sejam elas materiais ou não. Querer e não poder é desagradável, mas ter e perder é doloroso. Isso vale para dinheiro no bolso, um cargo executivo, uma partida jogada ou um amor que de despede.

 
Contudo, o fato é que no decorrer de nossas vidas, na medida em que amadurecemos, acumulamos conquistas e desilusões. E a experiência nos ensina a capitular de cabeça erguida, a aceitar algumas derrotas sem arquear os ombros, a sofrer com sabedoria. Aprendemos que somos capazes de caminhar sem pernas e voar sem asas.

 
Meu pai faleceu em um dia 21 de novembro. Foi sepultado no dia 22 e, na manhã seguinte, minha filha Liz nasceu. Em menos de 48 horas convivi com a tristeza e a alegria, a dor e o deleite, o choro e o riso.

 
Em seus últimos meses, meu saudoso pai fez questão de me presentear com mais alguns ensinamentos. Assim, quando já debilitado fisicamente não mais conseguia caminhar com suas próprias pernas, e eu tinha que ampará-lo, era como se prenunciasse os dias futuros em que ensinaria minha filha a caminhar.

Também tive que ajudá-lo a tomar banho, assear-se, vestir-se e alimentar-se, tal como faria dias depois com um recém-nascido.

 
Disse Vinícius de Moraes: "Para isso fomos feitos: para lembrar e ser lembrados; para chorar e fazer chorar; para enterrar nossos mortos. Por isso que temos braços longos para os adeuses, mãos para colher o que foi dado, dedos para cavar a terra...".

 
Vida que parte, vida que chega, vida que segue.

Por Tom Coelho






Sobre o(a) colunista:



Tom Coelho é autor de “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”, pela Editora Saraiva, além de consultor, professor universitário e palestrante. Com formação em Publicidade pela ESPM, Economia pela FEA/USP, especialização em Marketing pela Madia Marketing School e em Qualidade de Vida no Trabalho pela USP, é mestrando em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente pelo Senac. Diretor da Lyrix Desenvolvimento Humano, Diretor Estadual do NJE/Ciesp e VP de Negócios da AAPSA. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br.



Telefone (51) 3349-5050
Vai para o topo da página Telefone: (51) 3349-5050