Com
o lançamento do PIX,
pessoas físicas e empresas poderão fazer transferências de valores 24 horas por
dia, sete dias na semana em um prazo de cerca de 10 segundos.
O
sistema de pagamentos instantâneos lançado pelo Banco Central promete facilitar
a vida de todos os envolvidos. Por um lado, a novidade gera desafios aos
grandes bancos que contavam com tarifas de TEDs e DOCs e agora precisam se
adequar ao PIX; por outro, representa uma oportunidade para as fintechs -
startups do setor financeiro.
O PIX é
gratuito para pessoas físicas, mas, para empresas, o Banco Central decidiu que
os bancos podem cobrar uma taxa definida por elas mesmas, sem interferência da
instituição. O processo é idêntico ao que acontece com as tarifas de
transferência atuais, mas a tendência é de que o valor seja menor do que o
cobrado em TEDs e DOCs.
Se
o PIX fosse exclusivo para as empresas financeiras que participam do SPB
(Sistema de Pagamento Brasileiro) - a câmara que liquida as TEDs -, o preço
cobrado pelo serviço ficaria muito em linha com o preço cobrado hoje pelas
transações. Com a liberdade sobre o preço da tarifa definida pelo BC, os bancos
podem, inclusive, não cobrar nada das empresas, o que acirra ainda mais a
competição das instituições pelos clientes.
É
o caso da Cora. A fintech com foco nos pequenos empreendedores oferece, a
partir desta segunda, o serviço de PIX sem taxa para pequenas e médias
empresas. "O valor cobrado pelo Banco Central por cada transação do PIX é muito
baixo, cerca de R$ 0,01 por cada lote de 10 transações, dessa forma, não
faz sentido repassarmos isso para o nosso cliente. Hoje nós já oferecemos
boletos gratuitos independente da quantidade que o empreendedor usar e cada
boleto custa pelo menos R$ 0,98 de tarifa interbancária para nós. Isto é, temos
que pagar R$ 0,98 para o banco que o pagador utilizar para liquidar o boleto",
explica Igor Senra, CEO da Cora.
Com
ou sem tarifas, o PIX deve facilitar a vida das PMEs, trazendo acessibilidade
para pequenos negócios e ajudando a reduzir custos bancários. Uma pesquisa
realizada pela fintech Zoop em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV)
apontou que 64,1% das pequenas e médias empresas dizem estar preparadas para
operar com o PIX.
Os
números resultantes do levantamento reforçam as expectativas sobre as mudanças
no mercado financeiro. Entre os entrevistados, 32,6% acreditam que o PIX trará
um impacto a todas as modalidades de pagamento. Neste mesmo ponto, outros 32,6%
projetam que o novo sistema afetará principalmente as transações com cartão de
débito. É consenso que o PIX tende a democratizar o acesso ao sistema
financeiro a todos os perfis. Contudo, 52,2% dos entrevistados acreditam que a
adesão ao sistema se dará mais rapidamente entre os consumidores mais jovens,
de até 30 anos de idade.
O
co-fundador e diretor de estratégia e produtos da Zoop, Alessandro Raposo,
ressalta que o sistema de pagamento instantâneo é uma parte do que o sistema
financeiro promete ser no futuro. "As novidades trazidas ao setor tornarão o
mercado mais aberto e digital, ambiente propício para o surgimento de
plataformas que ajudarão as empresas a criarem serviços financeiros
diferenciados e centrados nos consumidores", afirma o executivo.
A
digitalização do dinheiro e dos meios de pagamentos através do PIX e do Open
Banking foi tema de discussão do painel
do Future of Money, o maior evento sobre o futuro do dinheiro
na América Latina. "Já não é novidade que, neste ano, tivemos uma forte
aceleração de um movimento que já vinha se desenrolando naturalmente, a
transformação digital. Com os meios de pagamento não foi diferente. Nesse
sentido, é fundamental discutirmos a aplicação dos novos sistemas de trocas,
como o Pix", afirma Nicholas Sacchi, organizador do Future of Money e
especialista em criptoativos da Exame Research.
Como as
empresas podem usar o PIX
O
PIX poderá ser usado pelas PMEs para o pagamento de fornecedores e até de
funcionários. Além disso, o sistema também permite a transação entre empresas e
o governo, facilitando o pagamento de impostos.
Os
formulários de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) começarão a
vir com um QR Code, que a empresa poderá escanear para fazer o pagamento via
PIX. O Darf é o documento utilizado pela Receita Federal para cobrar de
contribuintes pessoas físicas e jurídicas o pagamento dos tributos federais
embutidos em operações financeiras - como PIS, Cofins e IOF.
"Com
o Pix, as empresas terão acesso a uma solução de cobrança mais barata, segura e
eficiente do que boletos e transferências. Varejistas, principalmente os que
vendem online, com a confirmação imediata do pagamento, poderão reduzir o prazo
de entrega de produtos. Varejistas com lojas físicas não precisarão aguardar o
prazo dos cartões para receber as vendas, nem precisarão pagar as taxas das
maquininhas. A disponibilização imediata dos recursos vai possibilitar uma
melhora no fluxo de caixa de algumas empresas", explica Paulo David, CEO da
fintech Grafeno.
Mas
além das facilidades no dia a dia, o PIX também deve ajudar as empresas a focarem
em inovação de
processos e produtos.
Fonte: Exame,
com adequações da M&M Assessoria Contábil.
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