Empregadores podem
apostar nesta medida para evitar apenas conversas nos pedidos de demissões e
sim conversas para manter a satisfação do funcionário.
Está oficialmente aberta a temporada de
balanços, não apenas financeiros e fiscais, mas da carreira, da saúde, dos
relacionamentos e de outras dimensões importantes da vida. O final do ano
convida todos a refletirem sobre os erros e acertos dos últimos doze meses e a
pensar nos que virão pela frente.
"Não é à toa que muitos profissionais, nesta
época, acabam planejando mudanças de emprego, de área, entre outras,
aproveitando o clima de recomeço que todo ano novo inspira. Para as empresas,
esse momento é propício para conhecer e implementar as chamadas stay
interviews, uma tendência crescente em vários países e que têm tudo para fazer
sucesso no Brasil também", afirma o diretor-geral da Robert Half para a América
do Sul, Fernando Mantovani.
Para esclarecer as dúvidas sobre essa nova tendência, o diretor preparou um
guia completo sobre o tema, confira.
Mas
o que são, afinal, as stay interviews?
Em tradução livre, as "stay interviews"
seriam algo como "entrevistas de permanência", em oposição às conversas de
encerramento que as organizações realizam quando um funcionário pede demissão.
Em vez de detectar e tentar ajustar pontos críticos na saída de um
profissional, apelando para as perigosas contrapropostas, a ideia é agir
preventivamente, pensando na retenção estratégica de talentos.
Os dados do Guia Salarial 2024 da Robert Half mostram que este continua sendo
um tema bastante sensível no universo corporativo. De acordo com o estudo, 73%
das empresas ouvidas se disseram preocupadas ou muito preocupadas com a
retenção de profissionais-chave.
A preocupação, na visão delas, está relacionada a desafios como abordagem da
concorrência, ausência de oportunidades de crescimento, falta de equilíbrio
entre vida pessoal e profissional, carência de flexibilidade (trabalho remoto,
horário flexível) e ausência de programas de reconhecimento.
Adotar as stay interviews é uma ótima medida para lidar com
esse cenário. Elas podem ser realizadas mensalmente, trimestralmente ou até
semestralmente - é recomendável ter uma periodicidade definida para que as
queixas não se acumulem a ponto de ocasionar demissões. Em geral, é o
departamento de RH quem ouve os funcionários individualmente. Eles devem ser
incentivados a expressar como se sentem em relação ao próprio desempenho, a
colegas e gestores, e à empresa de forma geral.
"Os inputs obtidos nessa comunicação devem gerar soluções
concretas, o que não significa necessariamente atender às demandas feitas, mas
buscar alternativas viáveis para todos. É válido, ainda, estimular os
profissionais a falarem dos pontos positivos da organização para que a visão do
que está funcionando ou não seja completa", afirma Mantovani.
Dicas
para melhorar a comunicação
As entrevistas de permanência são muito úteis,
mas por si só, não fazem milagre, explica o diretor. O segredo para obter
sucesso é estabelecer uma comunicação confortável e segura para ambas as
partes. A seguir, ele compartilha algumas dicas para emplacar um diálogo
produtivo:
- Contato presencial: por ser uma conversa delicada, o ideal é que ela aconteça
com o famoso "olho no olho", e não por videochamada, e-mail e similares, já que
esses recursos dão margem à frieza e mal-entendidos;
- Escute com atenção: é preciso dar espaço e tempo para o interlocutor falar,
sem interrompê-lo e muito menos fazer suposições e julgamentos precipitados. Ir
com respostas prontas é outro erro comum que atrapalha esse momento de troca;
- Seja confiável: é primordial que o funcionário se sinta à vontade para falar.
Ofereça privacidade, tranquilidade e a certeza de que não haverá uma reação
negativa à conversa. O conteúdo ouvido deve ser respeitado e trabalhado da
melhor forma possível;
- Recapitule o principal: repassar o que foi
dito, para se certificar de que compreendeu seu interlocutor e de que foi
compreendido por ele corretamente, ajuda a fechar o encontro com chave de ouro.?
Poucos recursos são tão efetivos dentro de uma organização quanto o diálogo
sincero e construtivo.
Por mais avançadas que sejam as tecnologias de comunicação ou por mais modernos
que sejam os manuais de administração, as velhas e boas conversas são
insubstituíveis. Elas são um caminho para obter melhorias, aumentar o
entrosamento e manter o nível de satisfação dos funcionários em ascensão.?
Fonte: Robert Half e Fernando Mantovani
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