Operação flagra trabalhadores sem pagamento, em
condições precárias e sob ameaças. Entre os resgatados, um adolescente de 17
anos.
O
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou, em 20/02/2025, três
trabalhadores argentinos submetidos a condições análogas à escravidão durante a
colheita de legumes na zona rural de Vacaria (RS). A operação, coordenada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego com apoio do Ministério Público do Trabalho
(MPT) e da Delegacia de Polícia Civil de Vacaria, foi motivada por uma denúncia
recebida em 13 de fevereiro/2025, que relatava o despejo dos trabalhadores após
reclamações sobre falta de pagamento, escassez de alimentos e condições
precárias de alojamento. Este é o terceiro resgate de trabalhadores argentinos
registrado no estado em 2025.
Segundo a equipe de
fiscalização do Trabalho, além do despejo, os trabalhadores relataram ameaças à
vida feitas pelo responsável pelo alojamento, que usava armas para
intimidá-los. Durante a inspeção, os auditores fiscais constataram a completa
inadequação do espaço de moradia: sem camas, com instalações elétricas
precárias e até sem porta. O alojamento, uma estrutura de madeira, havia sido
construído pelos próprios trabalhadores.
Nas frentes de trabalho -
propriedades rurais com plantações de cenoura, beterraba e cebola - a
fiscalização constatou a total ausência de estrutura mínima para os
trabalhadores. As refeições eram feitas em meio ao mato, sob tendas de lona
improvisadas. Além disso, não foram fornecidos Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs), essenciais para a segurança durante as atividades.
A inspeção também identificou
outro agravante: a prática de descontos abusivos nos salários dos
trabalhadores, que incluíam valores exorbitantes por alimentação, bebidas e até
mesmo pelo alojamento inadequado. Ao final de uma semana de trabalho, após os
descontos, os trabalhadores recebiam entre R$100,00 e R$150,00.
Entre os três trabalhadores
resgatados, um era adolescente, de 17 anos, e os outros dois tinham 26 e 36
anos. As condições constatadas configuraram a situação como trabalho análogo à
escravidão.
Providências Adotadas
Os
trabalhadores foram acolhidos por instituições do município. Em cumprimento à
notificação da Auditoria-Fiscal do Trabalho e após a assinatura de um Termo de
Ajuste de Conduta com o Ministério Público do Trabalho, o empregador efetuou,
no mesmo dia 19/02/2025, o pagamento das verbas salariais e rescisórias aos
trabalhadores resgatados e providenciou o transporte para o retorno à
Argentina.
O Ministério do Trabalho e
Emprego garantiu a emissão de CPF, Carteira de Trabalho e o seguro-desemprego
para os trabalhadores resgatados, assegurando aos imigrantes argentinos o
pagamento de três parcelas de um salário-mínimo.
Denúncias
Denúncias
podem ser realizadas de forma anônima por meio do Sistema
Ipê.
Fonte:
Ministério do Trabalho e Emprego, com edição do texto pela M&M
Assessoria Contábil