PEC de Erika
Hilton que visa reduzir carga horária semanal para 36 horas
Do Twitter ao Instagram, passando, claro,
pelo LinkedIn, o debate sobre a proposta de fim da escala de trabalho 6x1, na
qual o funcionário tem apenas um dia folga, tem mobilizado trabalhadores nas
redes desde o ano passado e ganhou novo fôlego neste Dia do Trabalhador, com
apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas esse não é o único regime de
jornada comum no mercado de trabalho brasileiro hoje.
A mudança na jornada
semanal está prevista numa Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de
iniciativa da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que encampou a bandeira
do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que ganhou força nas redes em 2023. O
VAT foi fundado por Rick Azevedo, vereador eleito na cidade do Rio.
A deputada
protocolou a PEC em fevereiro na Câmara dos Deputados, mas o tema não tem data
para avançar no Congresso. Na quarta-feira (30/04/2025), o debate ganhou
fôlego após o presidente Lula defender as discussões sobre as mudanças, em
pronunciamento em cadeia de rádio e TV, por ocasião do Dia do Trabalhador.
O que é o fim da escala 6x1?
O texto da PEC prevê a adoção de jornada de quatro dias e sugere que o limite
legal de 44 horas semanais de trabalho caia para 36 horas, sem alteração na
carga máxima de diária de oito horas e sem redução salarial.
Quais são as regras hoje?
A definição da carga
horária atual está estabelecida no artigo 7º da Constituição Federal. Lá, fica
assegurado ao trabalhador o direito de ter um expediente "não superior a oito
horas diárias e quarenta e quatro semanais". Já as horas extras não podem
passar do limite de duas horas por dia, com exceção de situações excepcionais.
Advogada trabalhista e especialista em
Direito Sindical, Maria Lucia Benhame, explica que a escala 6x1 atinge
principalmente trabalhadores do comércio e de alguns setores de serviços, como
os de hotéis, bares e restaurantes, com jornada de 7h20 de trabalho em seis
dias e um dia de folga.
No setor de logística, 4x4
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), só no
comércio são 10,5 milhões de trabalhadores, o segundo setor que mais emprega no
país. Mas em outros setores, há jornadas específicas.
A advogada detalha
que na indústria, por exemplo, as escalas têm sido cada vez mais
"criativas":
- Já vi fábricas com
jornadas semanais que se revezam, com 6x3, 6x2 e 6x1, por exemplo. E no setor
logístico, há casos de escalas 4x4, numa demanda dos próprios trabalhadores -
diz.
Em outros setores, a
escala não é por dia, mas por horas trabalhadas. É o caso de trabalhadores da
saúde ou de serviços de segurança patrimonial, por exemplo, que muitas vezes
trabalham 12 horas e folgam 36 horas.
- Nos escritórios, o
mais corriqueiro é trabalhar só de segunda a sexta-feira. Algumas empresas
baixaram voluntariamente a escala para 8 horas diárias, 40 horas por semana, e
outras funcionam com 44 horas semanais, mas com uma compensação semanal, seja
de 48 horas a mais por mês ou uma hora a mais de segunda a quinta-feira -
explica Maria Lucia.
Fonte:
Folha de Pernambuco / O Globo