Especialistas alertam que o novo modelo de tributação
pode aumentar a carga fiscal das empresas de serviços e comprometer a
previsibilidade dos negócios.
A reforma
tributária, considerada a principal transformação estrutural do sistema fiscal
brasileiro nas últimas décadas, promete alterar de forma significativa a
dinâmica entre os setores da economia. Embora as mudanças tenham como objetivo
simplificação e neutralidade, especialistas apontam que os efeitos não serão
distribuídos de maneira uniforme.
Entre os segmentos
mais impactados está o setor de serviços, responsável por aproximadamente 70%
do Produto Interno Bruto (PIB) e pela maior parte da geração de empregos,
segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A
expectativa é de que os custos aumentem e parte desse impacto seja repassada ao
consumidor final, com reflexos potenciais sobre a inflação.
Impactos da criação
do IVA dual
O novo sistema de
tributação do consumo unificará cinco tributos - PIS, Cofins, IPI
(parcial), ICMS e ISS - em dois impostos: o Imposto sobre Bens e
Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Ambos formam o
chamado IVA dual, com alíquota unificada.
Segundo estimativas
do governo federal, a alíquota geral do IVA ficará entre 28% e 29%, com
projeção de redução gradual para 26,5% até 2031. Atualmente, a soma das
alíquotas para o setor de serviços gira em torno de 8,65%.
Na avaliação de
especialistas, esse aumento de carga é resultado da característica do setor,
intensivo em mão de obra e com menor cadeia de insumos. Como salários e
encargos trabalhistas não geram créditos tributários de IBS e CBS, há
desvantagem em comparação com segmentos como a indústria, que poderão abater
parte significativa de seus custos.
Desafios para
empresas de serviços
O princípio da não
cumulatividade, pilar do novo sistema, permite que contribuintes aproveitem
créditos sobre aquisições de bens e serviços. No entanto, como o principal
custo das empresas de serviços está na folha de pagamento, a possibilidade
de compensação é reduzida.
Além disso, a
legislação cria tratamentos diferenciados para determinados setores. Saúde,
educação, cultura e algumas atividades regulamentadas terão isenções ou
reduções, enquanto outras permanecerão sujeitas à alíquota padrão, o que pode
gerar distorções competitivas.
Para empresas de
consultoria, advocacia, tecnologia da informação e serviços de apoio em geral,
o aumento da carga tributária tende a ser mais expressivo.
Risco de
complexidade e litígios
Apesar da promessa
de simplificação, a coexistência de diferentes alíquotas pode gerar novas
camadas de complexidade para o setor. Segundo especialistas, a dificuldade de
interpretação das normas pode levar empresas a gastar mais recursos apenas para
garantir conformidade tributária, além de abrir margem para novos litígios
fiscais.
Outro ponto de
atenção é a concessão de benefícios a setores específicos, o que pode resultar
em aumento das alíquotas aplicadas a outros contribuintes para compensar perdas
na arrecadação. Esse movimento pode comprometer o princípio da neutralidade
tributária.
Estratégias de
adaptação
Para enfrentar esse
cenário, especialistas recomendam que empresas do setor de serviços revisem
seus modelos de operação e gestão tributária.
Medidas como
digitalização de processos, automação e melhoria do fluxo de caixa podem ajudar
a compensar a elevação de custos fiscais. Também é recomendada a revisão de
contratos, fornecedores e modelos de precificação para manter a
sustentabilidade financeira.
Outro aspecto
considerado essencial é a adoção de práticas robustas de compliance tributário,
que permitam identificar oportunidades de crédito, acompanhar mudanças
regulatórias e reduzir riscos jurídicos.
O setor de serviços,
que já opera com margens reduzidas e forte dependência de mão de obra, deverá
enfrentar um período de adaptação com a implementação do IVA dual.
Apesar das
incertezas, especialistas avaliam que a reforma pode ser uma oportunidade para
empresas acelerarem sua transformação organizacional, com maior ênfase em
governança, eficiência operacional e gestão tributária estratégica.
O atual cenário pode
e deve servir de mote para que as empresas de serviços acelerem sua
transformação cultural, de processos e de governança, adotando novas
ferramentas e estratégias que lhes permitam garantir resiliência e protagonismo
nesse novo ciclo econômico e tributário.
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Fonte: Portal Contábeis / Portal da Reforma Tributária
/ Leandro Ferreira, sócio especialista em Revisão e Planejamento Tributário no
Ferreira & Vuono Advogados.